Jesus rezava, dizendo: «Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste. Eu dei-lhes a glória que Tu me deste, de modo que sejam um, como Nós somos Um. Eu neles e Tu em mim, para que eles cheguem à perfeição da unidade e assim o mundo reconheça que Tu me enviaste e que os amaste a eles como a mim. Pai, quero que onde Eu estiver estejam também comigo aqueles que Tu me confiaste, para que contemplem a minha glória, a glória que me deste, por me teres amado antes da criação do mundo.»
Este texto faz parte da oração de Jesus. Nele percebemos que a oração não consiste apenas em «falar e pedir coisas a Deus», mas sobretudo em «estar em relação e em intimidade com Deus». Jesus diz: «Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti». No entanto, contrariamente à ideia habitual da intimidade que tende a «excluir» os outros, a intimidade entre Jesus e o Pai «inclui» cada um. Ele diz: «como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós». Assim, a oração não é apenas uma relação entre «Deus e mim», mas antes entre «Deus, eu e os outros». A oração não se assemelha a uma «linha vertical», mas antes a um «triângulo».
O irmão Alois escreveu: «A vida interior não é uma aspiração que se persegue de forma isolada. Ela prolonga-se numa iniciativa que se realiza em comum com aqueles que partilham a mesma busca.» Com efeito, a oração leva-nos a «romper o isolamento e a estabelecer relações com os outros». Doroteu de Gaza, cristão da Palestina do século VI, descreveu-o bem: «Imagine que o mundo é um círculo, que o centro é Deus e que os raios são os diferentes modos de vida dos homens. Quando aqueles que se desejam aproximar de Deus caminham em direção ao centro do círculo, eles aproximam-se uns dos outros e também de Deus. Quanto mais se aproximam de Deus, mais se aproximam uns dos outros; e quanto mais se aproximam uns dos outros, mais se aproximam de Deus.»
Quando muitos se sentem apegados aos termos «diversidade» e «pluralismo», o convite para experimentar a unidade pode parecer deslocado e ser mal recebido. Não deveríamos respeitar todas as diferenças entre os povos e entre as pessoas? É claro que devemos respeitar as diferenças, mas e o projeto de viver em comum? Viver em caminhos paralelos é por vezes um pretexto para viver em divisão e separação!
Vamos então parar de ver as diferenças como problemas a serem resolvidos. Em vez disso, aprendamos a vê-los como um dom a ser recebido com gratidão: um dom precioso que nos impulsiona em direcção à humildade e à criatividade. Tu, eles, eu – somos diferentes. Mas a fé convida-nos a viver na unidade e na solidariedade: «Tu em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós».
Não caminhamos sozinhos. Caminhamos juntos!
Como posso conviver com as diferenças? Quais são os desafios? Posso pensar nalguma ideia para lidar com esses desafios de forma criativa?
«A unidade na diversidade». O que penso desta expressão? Posso dar exemplos?