Já desde há alguns anos que jovens da região de Bandung, na ilha de Java, na Indonésia, vêm passar temporadas a Taizé. Para eles é um tempo muito intenso, marcado pela oração e pela comunhão com pessoas de várias origens. O tempo que passam nestes encontros também serve de apoio aos seus compromissos pastorais com os jovens, quando voltam a casa. Os cânticos de Taizé e as experiências feitas na colina acompanham-nos no regresso, no dia-a-dia, e também quando surgem, por exemplo, problemas familiares. Foi isso que pudemos observar numa tarde em Bandung, numa casa das irmãs Ursulinas.
Uma das irmãs convidou todos os que estiveram em Taizé nos últimos anos, juntamente com as suas famílias. Também as crianças conheciam os cânticos de Taizé! Alguns cantaram solos e acompanharam os cânticos com os seus instrumentos. Não foi perfeito, mas todos participaram com muito entusiasmo. As crianças perceberam bem que podiam, daquela forma, usar os seus dons, mesmo com recursos muito simples. Dentro de poucos anos vão formar parte dos grupos de jovens das paróquias, tal como no passado fizeram os seus pais. «Não podemos esquecer a próxima geração», disse a irmã que, com mais de 80 anos de idade, organizou tudo e convidou as pessoas para a oração. «Se acompanharmos com cuidado as crianças, então há futuro.» E depois: «Voltem rápido a visitar-nos em Bandung.» Bandung, que de comboio fica a algumas horas de Jacarta, foi uma das cidades que visitámos.
Mas foi na capital do quarto maior país do mundo que a nossa visita começou. Alguns jovens de Jacarta, empenhados em grupos pastorais, estavam felizes por nos acolherem em suas casas, por partilharem connosco o seu dia-a-dia, e por nos mostrarem como têm continuado a viver a experiência que fizeram em Taizé. Fomos a um centro de formação das Igrejas Evangélicas e reunimo-nos com pastores, homens e mulheres, para um encontro e uma oração no centro da capela. Um dos jovens, que recentemente esteve em Taizé, trabalha agora ali.
Uma jovem pastor da GKI Survya Utama – uma Igreja reformada da Indonésia – esteve em Taizé enquanto estudante. Ela convidou-nos para uma oração da noite na sua comunidade. Noutra tarde conhecemos um grupo de jovens ecuménico de várias paróquias e comunidades, na escola de Santa Úrsula, para partilharmos impressões sobre a ’Carta do Chile’ e para reflectirmos sobre a organização de uma oração comunitária. Uma oração à noite pareceu-nos a conclusão natural da reflexão.
Yogyakartya foi a terceira cidade que visitámos. A diversidade de estudantes vindos de diferentes partes da ilha era o reflexo da colorida diversidade de culturas e tradições deste país. E isso foi visível durante duas orações que foram feitas em universidades cristãs: a primeira noite, na Universidade Católica Sanata Dharma e a segunda na Universidade Duta Wacana, fundada em conjunto por onze Igrejas reformadas. As duas noites começaram com uma introdução bíblica e com partilha em pequenos grupos. Alguns jovens e um padre falaram de como ajudaram durante a erupção do vulcão Merapi. Confrontados com a fuga de tantas pessoas que procuravam refúgio das correntes de lava, organizaram lugares provisórios no seminário, abertos a todos, incluindo os vizinhos muçulmanos. Foi um sinal de esperança e partilha num país onde, por vezes, é dada mais importância às diferenças do que àquilo que une.
Houve ainda mais encontros na ilha de Java, como em Surabaya – uma oração para os jovens da cidade na igreja de Santa Maria, e a participação em orações semanais na igreja evangélica – e em Semarang, onde há uma oração regular no seminário, aberta a todos.
Também fomos à ilha das Flores. O ambiente ali é completamente diferente, pois 85% dos habitantes são cristãos e temos a sensação de estar num país diferente. A caminho da cidade de Ende, a carrinha onde viajávamos passou por paisagens impressionantes: colinas vulcânicas cobertas de verde, cataratas, campos de arroz, e, em Kelimutu, o parque nacional com os seus três lagos de cores diferentes. Na berma da estrada havia sementes de cacau espalhadas a secar. Chegámos à noite, já tarde, e fomos entusiasticamente acolhidos por irmãs Ursulinas numa escola onde haveria uma oração no dia seguinte. Mais de 200 alunos apareceram. Alguns tinham começado, há muito tempo, a preparação da decoração com lâmpadas com padrões repetidos em papel. Para muitos deles os cânticos de Taizé eram novidade. Muitos foram traduzidos para indonésio. No dia seguinte voltámos a Maumere, a maior cidade da ilha. Durante dois dias tivemos vários encontros: com seminaristas e padres, com alunos e várias escolas, com estudantes de teologia...
A Indonésia contém uma enorme diversidade, com as suas 17 mil ilhas e mais de 300 línguas. Durante a nossa curta visita pudemos explorar um pouco disto... Mas, nesta diversidade, sentimos várias vezes como a fé nos une, para lá das nossas diferenças de linguagem, cultura, país, continente – ou denominação cristã.