TAIZÉ

Togo e Benim

 
Dois irmãos, um de nacionalidade togolesa e outro que vive na fraternidade de Taizé em Dacar, no Senegal, visitaram cristãos no Togo e no Benim. Falam aqui sobre a descoberta que fizeram da vitalidade da Igreja e dos muitos cristãos nestes países.

«Viajámos por todo o Togo, desde a capital, Lomé, no sul, até próximo da fronteira com o Burkina Faso, no norte do país. A oeste, estivemos por vezes a alguns metros do Gana. A leste, estivemos no Benim, onde visitámos principalmente comunidades cristãs da capital, Cotonou, e do sul do país.

Em todos os locais em que estivemos, o que nos marcou foi a extrema vitalidade da Igreja e o seu dinamismo. Há cerca de dez anos que se assiste, no Togo e no Benim, a um aumento extraordinário do número de novos cristãos, e esta evolução deverá continuar nos próximos anos, nestes países em que a maioria da população pratica a religião tradicional, com a adoração de inúmeros ídolos. A transmissão da fé cristã é um fenómeno bastante recente, com pouco mais de um século. É como se, depois de muitas travessias do deserto e de provações – sobretudo no Benim durante o recente período de regime político marxista-leninista – a fé cristã surgisse por todo o lado.

Nos arredores de Lomé, em menos de dez anos, a paróquia, que se estendia originalmente por uma zona imensa, criou oito «estações», cada uma delas com um local de culto. Cada «estação» tornou-se numa nova paróquia, de tal forma aumentou o número dos cristãos. Este fenómeno acontece em muitos outros lugares, sobretudo nas aglomerações urbanas, também elas em rápido crescimento. Muitas vezes as igrejas, construídas à pressa e com materiais pobres, parecem enormes armazéns de madeira e zinco, mas no interior, como é fervorosa a fé! Não é raro encontrar várias centenas de pessoas nas missas quotidianas que se realizam às 5:30h ou às 6:00h da manhã, com belos cânticos. Alguns grupos até vêm com meia hora de antecedência, a fim de rezarem em conjunto e de se prepararem assim para a celebração eucarística. Com o rápido aumento do número dos catecúmenos e de novos baptizados, uma das prioridades pastorais nas igrejas do Togo e do Benim é a criação de pequenas comunidades cristãs de base nos bairros, bem como a formação dos responsáveis laicos, especialmente catequistas e responsáveis pelos grupos de oração.

Escolas de fé e escolas de oração

Em Cotonou passámos vários dias com os responsáveis da pastoral juvenil da diocese. Desde há cinco anos que, todos os anos no Verão, estes enviam dois ou três jovens animadores a Taizé para participarem nos encontros intercontinentais e partilharem a sua experiência. Entre os sinais de esperança vividos por jovens, há o que se chama as «escolas de fé» e as «escolas de oração». Todos os anos, durante o Verão, mais de uma centena de jovens empenhados em grupos paroquiais seguem em conjunto durante duas semanas um tempo de formação, a fim de poderem em seguida pôr-se ao serviço das suas comunidades com mais competência e discernimento. Estas sessões de formação passaram a chamar-se «escola de fé». Paralelamente, aos jovens animadores que já participaram nesta primeira experiência de formação é proposta uma «escola de oração», centrada no aprofundamento espiritual. Uns cinquenta animadores participam anualmente neste tempo de formação.

No Togo, encontrámo-nos com a maioria dos bispos, entre eles o arcebispo de Lomé. O seu acolhimento, muito fraterno, foi de grande simplicidade. Com cada um deles conversámos longamente. O Togo atravessava nessa altura um período difícil de tensões sociais e políticas, e pudemos dizer a todos os bispos como tínhamos ficado emocionados com a sua coragem quando, alguns meses antes, tinham exprimido em conjunto, de forma clara e publicamente, quais eram as condições necessárias para se conseguir uma paz duradoira no país.

Também falámos com leigos de diferentes confissões cristãs que, tal como os bispos do Togo, não tiveram medo de assumir na sua vida quotidiana as consequências das suas escolhas, fundadas nas exigências da verdade, da justiça, do amor e da liberdade. Estas pessoas são sinais de esperança para o futuro do seu país.

Na peregrinação de confiança na terra, a nossa estada no Togo e no Benim foi um caminho de apoio mútuo, vivido na oração e na partilha.»

Última actualização: 27 de Fevereiro de 2005