TAIZÉ

irmão Alois

Taizé 2015

 

Deus de compaixão, agradecemos-te pela vida do irmão Roger. Num mundo tantas vezes dilacerado pela violência, ele quis criar uma comunidade que fosse parábola de comunhão. Louvamos-te pelo testemunho que deu de Cristo Ressuscitado e pela sua fidelidade até à morte.
 
Envia sobre nós o teu Espírito Santo, para que sejamos também testemunhas de reconciliação na nossa vida quotidiana. Faz de nós criadores de unidade entre os cristãos, quando eles se separam, e portadores da paz entre os homens, quando eles se opõem. Concede que saibamos viver em solidariedade com os mais desfavorecidos, quer estejam próximos ou longe de nós.
 
Com o irmão Roger, gostaríamos de dizer-te: Felizes os que se abandonam em ti, ó Deus, na confiança do coração. Tu guardas-nos na alegria, na simplicidade e na misericórdia.
 
(oração do irmão Alois)

Durante os três últimos anos, a nossa «peregrinação de confiança através da terra» foi alimentada pela escuta de jovens de todos os continentes, em busca de uma «nova solidariedade». Partilharam as suas experiências e as suas reflexões nos encontros em Taizé, nas visitas a numerosos países ou nos encontros na Europa, na África, na América do Sul e do Norte, na Ásia e na Oceânia.

A humanidade atravessa um período de transição difícil e de destino incerto. Há pessoas que fixam o seu olhar nos aspectos negativos, ao ponto de perderem a esperança. Outros sabem ver novas manifestações de vida: frágeis ainda, mas muitas vezes levadas por uma criatividade incrível, mostram que o ser humano não foi feito para o desespero. As crises podem libertar energias de que não se suspeitava e podem juntar vontades.

A partir de Taizé, saudamos todos os que, em todo o mundo, escolhem a esperança. Eles esperam e vivem já uma globalização da solidariedade. Com eles, gostaríamos de dar mais um passo neste caminho comum.

Fazer crescer novas solidariedades

Em toda a terra, há novos problemas, novas solidões, novos desafios – movimentos de populações, desastres ambientais, desigualdades, desemprego em massa, violências... – que reclamam novas formas de solidariedade e interpelam todos os crentes das diferentes religiões e também os não crentes.

Estás disposto a oferecer as tuas forças para fazer crescer estas novas solidariedades:

  • que a globalização se construa na justiça e na fraternidade e não através da opressão dos pobres e das culturas das minorias;
  • que cessem finalmente a exploração dos outros, as tragédias de tantos migrantes e que a dignidade de todos, até do mais fraco, seja defendida;
  • que a salvaguarda do ambiente seja reconhecida como uma prioridade para assegurar o futuro às próximas gerações;
  • que o progresso tecnológico não aprofunde as desigualdades, mas beneficie todos e torne a vida mais humana;
  • que a solidariedade não tenha um sentido único, mas seja recíproca, de modo a que aqueles que dão aprendam também a descobrir a generosidade dos mais pequenos, dos pobres e dos estrangeiros.

Mesmo com quase nada, podes contribuir para a criação destas novas formas de solidariedade, para que todos possamos conseguir juntos a alegria de viver. Acreditas nisso?

Se a compaixão desaparecesse…

Onde vais encontrar o estímulo necessário? A consciência cristã tem acordado há muitos anos e compreendeu melhor que Cristo veio reunir todos os seres humanos: pela sua ressurreição fez de nós irmãos e irmãs de uma mesma família. Unindo-se visivelmente ao seu redor, deixando-se conduzir pelo sopro do Espírito Santo, os cristãos conseguirão fazer brotar melhor uma fonte de compaixão e de solidariedade. Bebendo nesta fonte, podem sempre voltar a partir renovados.

Se a compaixão desaparecesse das nossas sociedades, o que seria da humanidade?

O irmão Roger colocou no centro da vida da comunidade que fundou três valores do Evangelho, acessíveis a todos:
alegria - simplicidade - misericórdia.

Ao longo dos próximos três anos, será que estas três palavras poderiam acompanhar a tua caminhada, ajudando-te a abrir completamente as portas da solidariedade, no teu coração, à tua volta e na sociedade?

Em 2016, comecemos pela misericórdia! Redescubramos a bondade de Deus e a bondade humana; elas são mais profundas do que o mal! Através delas, atingimos o coração da mensagem de Cristo. Foi neste espírito de Evangelho que o Papa Francisco lançou um ano da misericórdia: todos são chamados a reflectir, através da sua vida, o perdão e a compaixão sem limite de Deus.

O ícone da misericórdia

Um doutor da Lei perguntou a Jesus: « Quem é o meu próximo?» Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando-o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.
 
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele. No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: ’Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar’.
 
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?» Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»
 
(Evangelho de Lucas 10,29-37)

Consagras as tuas forças para ir em auxílio do teu próximo, para reparar as injustiças? Cristo está presente no ferido abandonado à beira da estrada e espera a tua compaixão.

És tu mesmo posto à prova? Cristo olha para ti com bondade. Ele cuida de ti como de toda a humanidade. O seu rosto de amor é-te por vezes revelado através de uma pessoa desprezada, tal como este estrangeiro, o Samaritano.

Última actualização: 7 de Agosto de 2015