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O que nos reúne nestes dias? Uma ideia, uma doutrina, uma maneira de pensar? Não. Apenas uma pessoa: Jesus. Ao longo desta Semana Santa, acompanhámo-lo nos últimos instantes da sua vida, até à sua morte.
Ao fim de uma semana, continuamos com uma pergunta: porquê este homem? Ele não fez mal a ninguém, mas, pelo contrário, fez bem a tantos pobres. Porque é que os homens do seu tempo viram nele alguém tão perigoso ao ponto de o excluirem, de o humilharem, de o torturarem e de o matarem?
Porque agiram desta forma? Até os amigos mais próximos dele o abandonaram. Judas abandonou-o, claro, mas também Pedro. Todos fugiram. E nós, como agimos?
No final desta semana, há um mistério que se mantém para nós em certo sentido incompreensível: Jesus confrontou-se com o que a Humanidade tem de mais absurdo, sem sequer resistir.
Jesus sabia que tinha que trazer o amor de Deus às trevas mais densas da humanidade. O que temos dificuldade em compreender é que para fazer isso Jesus não tenha lutado contra os homens. Ele também não quis simplesmente aperfeiçoar os homens com lições de moral ou com o seu exemplo. Não, Ele fez muito mais do que isso: lutou contra o próprio ódio, contra a morte e contra o mal.
Nestes últimos dias, fomos como os discípulos em Gethsemani. Jesus pediu-nos para vigiarmos e para orarmos com ele. Ele precisa de sentir a nossa proximidade. E, ao mesmo tempo, Ele «foi mais longe», como diz o Evangelho, para rezar sozinho. Ele enfrentou sozinho o ódio, a morte e o mal.
O dia de hoje, Sábado Santo, Sábado de Aleluia, não é apenas um dia que se repete cada ano. É um dia que mostra a realidade da nossa vida, um lado da nossa fé. Tal como os discípulos, nós não sabemos onde Jesus foi, não conhecemos a intensidade do drama que Ele viveu. Mais ainda: perante o sofrimento de tantos inocentes, por vezes questionamo-nos se Cristo realmente venceu o mal.
Amanhã, Domingo de Páscoa, cantaremos a sua ressurreição. Recordaremos, mais ainda, reviveremos este momento extraordinário em que as mulheres voltaram do sepulcro de Jesus, que tinham encontrado vazio, e transmitiram aos apóstolos esta mensagem: «Cristo Ressuscitou!»
Sim, acreditamos que Ele está vivo. Não é que Ele tenha voltado à nossa vida marcada pelo ódio, pelo mal e pela morte, mas acreditamos que, invisivelmente, está junto de cada um de nós e que nos enche do seu amor.
A nossa linguagem humana não consegue expressar o mistério desta presença. No entanto, encontramos nas Escrituras palavras muito simples que nos fazem pressentir a realidade da sua proximidade, como por exemplo estas, no Evangelho de João: «Tenham confiança. Eu voltarei e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também.»
É celebrando juntos, como faremos amanhã, que entramos no mistério da presença constante de Cristo. É celebrando a sua ressurreição que ela marca a nossa vida.
Então os nossos olhos abrem-se, vemos a realidade numa nova luz, na luz da esperança e já não na da desesperança. Longe de ser uma utopia beata e ingénua, este novo olhar sobre a realidade trabalha-nos e transforma-nos.
A partir de agora, Cristo chama-nos a ser, juntos, um sinal da sua paz entre os Homens. É este o sentido e a vocação da Igreja. Cristo reúne-nos de todos os povos, por vezes mesmo de povos inimigos, de todas as línguas, de todas as condições humanas, para sermos portadores da sua paz.
Se a nossa pequena Comunidade continua com todos vós uma «peregrinação de confiança» em todos os continentes é por causa da nossa paixão pela unidade, não apenas pela unidade dos cristãos mas pela paz em toda a Família Humana. Esta nossa paixão vem-nos de Cristo ressuscitado.
Já sabem com certeza de algumas das próximas etapas desta peregrinação.
No fim-de-semana de 1 de Maio próximo, teremos um encontro na Ucrânia, em Lviv. Queremos mostrar que estamos junto desse povo, e mostrar também a nossa solidariedade para com esse país sofrido e pouco conhecido dos restantes países europeus. Vinde numerosos a Lviv. Durante um encontro como este, o nosso horizonte abre-se e alarga-se.
Logo de seguida, com alguns irmãos e apenas com um pequeno grupo de jovens, iremos à Sibéria, à cidade de Kemerovo. Esta cidade está de luto depois do terrível incêndio num supermercado na semana passada. A Igreja Ortodoxa vai acolher-nos lá.
Em seguida, no mês de Agosto, iremos a Hong Kong, a esse grande país que é a China. Gostamos muito dele e tem um lugar privilegiado no nosso coração. Este encontro vai permitir que nos encontremos com muitos jovens de vários países da Ásia e de outros lugares, inclusivamente da Europa.
E em Outubro será o encontro em Graz na Áustria.
Quero dar agora uma notícia que vai alegrar os jovens africanos. Quero anunciar o nosso próximo encontro em África, o quinto encontro africano desta peregrinação. Este encontro será daqui a um ano e meio, de 25 a 29 de Setembro de 2019, na extremidade do Continente, na África do Sul, na cidade do Cabo.
As várias Igrejas do Cabo convidaram-nos. Vindos de lá, temos connosco a Sharon, a Zanele, o Jaco, o Wynand e o Louis, que pertencem às várias Igrejas do país. A Sharon vai falar-nos.
Olá a todos, eu sou a Sharon, da África do Sul, especificamente da Cidade do Cabo. Como jovem da África do Sul, a reconciliação sempre esteve presente para mim, vivendo numa nação arco-íris, vivendo a diversidade. Temos, por exemplo, doze línguas oficiais no nosso país. Estamos ansiosos pelo encontro do ano que vem, com jovens vindos de diferentes países africanos e também de outros continentes, para nos ouvirmos uns aos outros e para celebrarmos juntos. Os preparativos já começaram e esperamos acolher-vos a todos no próximo ano na África do Sul. Espero-vos na Cidade-Mãe, até breve na Cidade do Cabo!
Finalmente uma última notícia: Amanhã de manhã, a celebração da ressurreição será acompanhada por um evento que viveremos em comunidade, mas que queremos partilhar com todos vós.
Amanhã de manhã o irmão Jean vai comprometer-se para sempre na nossa Comunidade. Após vários anos de preparação, ele vai dar este passo de confiança, dirá sim para toda a sua vida a Cristo e a nós, seus irmãos.
Existem muitas formas diferentes de seguir Cristo. Mas a todos, onde quer que estejamos, Cristo convida, como ao nosso irmão Jean, a confiar e a caminhar com ele até ao final da vida, sem nunca olhar para trás.
Que a alegria da ressurreição toque os nossos corações, que esteja com todos nós nas nossas vidas quotidianas!