Quinze dias antes da Páscoa, cerca de vinte jovens de todos os continentes reuniram-se à volta do irmão Roger para preparar este anúncio. Foi tornado público na tarde de Páscoa na Igreja da Reconciliação. Aqui está o texto:
Cristo Ressuscitado vem animar uma festa no mais íntimo do homem. Ele está a preparar-nos uma Primavera da Igreja: uma Igreja desprovida de meios de poder, pronta para partilhar com todos, um local de comunhão visível para toda a humanidade. Ele vai dar-nos imaginação e coragem suficientes para abrir um caminho de reconciliação. Ele vai preparar-nos para darmos a vida para que o homem deixe de ser vítima do homem.
Essas poucas frases, aprofundadas uma após a outra, ano após ano, serviram de base à oração, reflexão e ao compromisso dos jovens durante todo o período de preparação para o «Concílio de Jovens», de 1970 a 1974.
Concílio de Jovens. Irmão Roger com M. Roncalli, irmão do Papa João XXIII
(Photo: Direitos reservados)
Celebração de Cristo Ressuscitado
Para indicar que a preparação do Concílio de Jovens seria centrada no mistério pascal e para dar uma base à reflexão dos jovens, na Páscoa de 1970, ao mesmo tempo que a «alegre notícia», o irmão Roger publicou uma espécie de confissão de fé sob a forma de uma tripla celebração de Cristo Ressuscitado.
«Vamos viver a preparação do Concílio de Jovens numa tripla celebração de Cristo Ressuscitado, uma fonte que jorra e activa as forças vivas:
Celebramos Cristo Ressuscitado na Eucaristia. Ela permite-nos partilhar a vida de Cristo Ressuscitado e comungar o mistério pascal: participar nas provações de Cristo que, até ao fim do mundo, sofre no Seu corpo, a Igreja, e nos homens, nossos irmãos; viver no mais profundo de nós mesmos a festa sempre oferecida por Cristo Ressuscitado, só Ele transfigura as profundezas do homem. A Eucaristia é-nos dada a nós, que somos fracos e desamparados. Recebemo-la em espírito de pobreza e arrependimento do coração. Na nossa caminhada pelo deserto, em direcção a uma Igreja de partilha, a Eucaristia dá-nos coragem para não acumular o maná, para renunciar a ter reservas materiais e para partilhar não apenas o pão da vida, mas também os bens da Terra.Celebramos Cristo Ressuscitado pelo nosso amor à Igreja, um amor que acende um fogo na Terra. Se, por um lado, a Igreja é como um rio subterrâneo que, num movimento secreto e oculto, assegura continuidades distantes desde o primeiro Pentecostes, ela é também uma "cidade colocada na montanha para ser vista por todos os homens". Através da visibilidade do nosso amor fraterno, através da sua unidade reconstituída, a Igreja é chamada a tornar-se num fermento incomparável de fraternidade, de comunhão e de partilha para toda a humanidade: este é o aspecto essencial da sua vocação ecuménica. Na véspera da sua morte, Cristo rezou para que a nossa unidade permita aos homens acreditar.
Celebramos Cristo Ressuscitado no homem, nosso irmão. Vivendo de valores simples, como a oração e a confiança mútua, descobrimos que "o homem é sagrado pela inocência ferida da sua infância, pelo mistério de sua pobreza". No homem, vemos o próprio rosto de Cristo, "sobretudo quando as lágrimas e o sofrimento o tornaram mais transparente". Assim, iremos até ao ponto de dar as nossas vidas para que o homem deixe de ser vítima do homem.»