«No Kosovo houve vários momentos fortes. Uma visita ao novo bispo católico de Prizren foi ocasião de conversar sobre a situação de uma Igreja dinâmica, com muitos jovens, mas onde ainda se pergunta: como chegar a um compromisso mais pessoal na fé e na oração? Depois, uma tarde luminosa passada no mosteiro de Visoki Decani revelou uma vez mais o sentido da beleza tão presente na tradição ortodoxa. A beleza visível do lugar, da igreja, dos frescos, mas também a beleza interior da paz do coração e da oração contínua. Apesar das circunstâncias difíceis - devido à insegurança, o mosteiro é guardado dia e noite por militares italianos - os monges não se deixam desviar daquilo que os leva a viver naquele sítio: a vida de oração e de comunhão fraterna, o testemunho prestado à ressurreição. Uma outra tarde, na cidade de Ferizaj, foi consagrada a uma oração com cânticos de Taizé e a um tempo de encontro com um grupo de jovens. Eles tinham ido a Zagreb e houve então a oportunidade de partilhar impressões e de reflectir acerca da continuidade do Encontro.
Na Sérvia, o mais tocante foi escutar os relatos dos jovens que tinham estado em Zagreb. Todos tinham ficado entusiasmados com o acolhimento que as famílias croatas lhes tinham reservado. Alguns tinham ido ao Encontro com alguma apreensão, por vezes depois de ultrapassarem a reticência dos pais. Depois de tudo o que se passou nos últimos anos, não tinham a certeza de serem bem-vindos. Mas em todas as ocasiões, aconteceu a bela surpresa de um verdadeiro encontro entre pessoas, para lá dos estereótipos e dos preconceitos. Os jovens sérvios estavam muito contentes por terem sido tão calorosamente acolhidos, com tantos cuidados. Os anfitriões croatas chegaram mesmo a telefonar aos pais destes jovens sérvios, logo no primeiro dia, para os tranquilizar, e depois todos os dias, por amizade, apenas pelo prazer de trocar algumas palavras...
Na Bósnia-Herzegovina, pude participar em orações com cânticos de Taizé nas cidades de Mostar e de Sarajevo. Desde há mais de quinze anos, as visitas regulares permitiram exprimir a nossa solidariedade com este país em provação, e estes tempos de oração e de encontro tornaram-se qualquer coisa de muito simples e natural. Ao mesmo tempo, como notava o capelão dos jovens católicos em Sarajevo, rezar em conjunto com os cânticos e o silêncio permite-nos sempre entrar na frescura de um além, no mistério da presença de Cristo. Houve também ocasiões de encontro com a Igreja Ortodoxa, que é a Igreja numericamente mais importante na Bósnia-Herzegovina. Na cidade de Zenica, num ambiente sobretudo muçulmano, jovens cristãos ortodoxos encontram-se com regularidade. Com o capelão católico dos jovens, que é também professor no seminário católico, pude visitar o seminário ortodoxo em Foca, 80 km a oriente de Sarajevo. Nas conversas, ficou muito claro que todos os cristãos em conjunto são chamados a ser testemunhas da paz de Cristo e a mostrar um mesmo respeito para com todas as vítimas da injustiça e da violência, qualquer que seja a sua pertença étnica ou religiosa.»