Benin
A nossa estadia no Benim começou pelo grande seminário de St. Gall de Ouidah, cidade histórica conhecida como centro do comércio de escravos. Falámos durante muito tempo com o reitor e partilhámos a refeição com os seminaristas e formadores, o que nos permitiu conversar também com alguns. Há mais de cento e cinquenta seminaristas, desde o segundo ano de filosofia ao último ano de teologia, antes da ordenação.
Em Cotonou, a capital económica, visitámos jovens que tinham vindo a Taizé, para sabermos como eles estavam a viver e para partilharmos a sua vida paroquial. Desde há três anos, tornou-se mais difícil para os habitantes do Benim conseguirem o visa para virem participar nos encontros de Verão em Taizé. Ficámos alojados no centro que acolhe o centro diocesano para as obras e a pastoral juvenil, mesmo por trás da paróquia de St. Michel, cuja actividade é intensa. Rezámos com uma vintena de responsáveis por jovens, provenientes de diversos grupos de toda a cidade – os exames impediram alguns de virem. Regulamente, rezam em grupo e encontram-se também para organizar animações que lhes são pedidas em toda a diocese.
Depois de Cotonou, a nossa próxima etapa no Benim foi Gbozounme. Aqui, os homens e os jovens trabalham frequentemente na cidade e regressam ao fim-de-semana. No domingo de manhã, a missa das 6h estava cheia de homens de idade, de mulheres e de crianças. Tudo acontece na língua local, o Gon – ritmos maravilhosos, cantados com toda uma tropa de crianças sentadas em esteiras, à direita do altar. À tarde, tivemos tempo para cantarmos juntos. Logo no final da missa, o padre salta para a sua mota para se dirigir à próxima celebração de uma série de comunidades, enquanto as pessoas se reúnem à volta da igreja em pequenos grupos para se encontrarem, seguir um ensinamento e, alguns, para se prepararem para o baptismo.
Em Parakou – a 330km ao Norte de Cotonou, no centro do país – um jovem padre que veio a Taizé há alguns anos tornou-se responsável diocesano pela pastoral juvenil. Rezámos e trocámos impressões sobre o encontro de Nairobi com toda uma equipa de jovens responsáveis pelos diferentes grupos e paróquias da diocese.
Em Dassa-Zoumé também visitámos o novo presidente da Igreja metodista. Está ainda como responsável pela paróquia metodista da cidade; graças à nossa visita, ele compreendeu melhor o sentido da peregrinação de confiança e assegurou que jovens da sua Igreja poderão participar nos encontros em Taizé durante o Verão. Esperados em Gouka, chegámos já tarde, à noite, O pastor, alguns anciãos e o coro estavam à nossa espera. A pequena capela encheu-se de cânticos e, com alegria, rezámos assim em conjunto. [...]
Burkina Faso
No Burquina Faso, o «país dos homens íntegros», fomos acolhidos no seminário Lavigerie dos Padres Brancos em Ouagadougou. Desde a primeira noite, tivemos oportunidade de encontrar os trinta jovens «internos» de diferentes países que se preparam para servir como missionários; durante o dia, são cerca de cem os que seguem a formação.
De manhã cedo, partimos para Dori, 250 km a Norte. No caminho, a aldeia de Bani surpreende com as suas numerosas mesquitas com um minarete cónico. Chegámos a Dori no dia do mercado: os burros que servem como «táxi» indicam o ritmo de vida. A paróquia conta cerca de mil fiéis. Quase todos os mil paroquianos estão «de passagem»: a maior parte são funcionários que foram colocados em Dori por dois ou três anos, nesta região tradicionalmente Peuhl, logo muçulmana. Conseguimos visitar as três famílias dos jovens que estiveram em Taizé no ano passado. O padre Juvénat, sacerdote congolês que também esteve em Taizé durante a sua formação, possibilitou esta conversa – a grande simplicidade da partilha tocou-nos muito, uma vez que as suas condições de vida não são fáceis.
À noite, na paróquia, encontrámo-nos para um tempo de oração com jovens que se reúnem regularmente – com grandes desafios para viverem a sua fé neste meio. E voltou a pergunta: como viver sempre mais de Cristo? Depois de dois dias em Dori, retomámos a viagem para Ouagadougou. No caminho de regresso, ao meio-dia, estavam mais de 42°C à sombra e muitas mulheres, com as crianças às costas, caminhavam ao longo da estrada, com os seus instrumentos, para se dirigirem aos locais em que se sabe que a terra contém ouro em pó. Não muito longe daí, as companhias mineiras multinacionais fazem a mesma coisa em grande escala, a céu aberto.
De Ouaga, onde passámos a noite, partimos de manhã para a nossa próxima etapa: o Togo. Não há autocarros todos os dias: tivemos de apanhar um autocarro até à fronteira do Burquina Faso com o Togo, e depois arranjar outro meio de transporte para irmos ter com um padre que estava à nossa espera em Kara.
Togo
Em Aledjo, onde se encontra o primeiro Lar de Caridade em África, um sacerdote amigo e um jovem vindo a Taizé em 2008 habitam num pequeno centro para jovens, em construção. Sete jovens vivem em pequenas cabanas redondas. Acabam de limpar uma parte do campo à volta e estão agora a construir um galinheiro. À noite, alguns jovens e crianças da paróquia acolheram-nos para uma oração comunitária.
Em Atakpamé, a Igreja passou por tantas provações que foi bonito encontrar um jovem bispo, músico e guitarrista... que, depois de um ano de serviço, está cheio de esperança e de confiança no futuro.
No sábado, encontrámo-nos em Lomé, na paróquia de Nossa Senhora, debaixo da cruz de Agbalépédogan. Éramos co-animadores de uma jornada de reflexão paroquial: cerca de 400 pessoas de todas as idades encontraram-se para uma oração da manhã, seguida de uma introdução bíblica em Francês e em Ewé sobre o amor de Deus por nós e sobre a nossa liberdade; um texto bíblico e a Carta do Quénia serviram de ponto de partida para reflectirmos sobre a vida interior e os nossos compromissos para com os outros. Um jovem muito empenhado deu testemunho da sua vida como ladrão, antes de ter vivido em «encontro transformador com Cristo». Na partilha daquilo que tinha sido conversado nos pequenos grupos, uma criança falou de forma tão simples sobre o caminho do perdão que a assistência aplaudiu espontaneamente. Fez-se a via-sacra à volta do quarteirão, antes de regressarmos ao recinto da paróquia – as pessoas sorriam e ajoelhavam-se livremente, mesmo no chão cheio de pó, lembrando verdadeiramente um caminho que segue Cristo.
Quando da missa de encerramento, a alegria brilhava nas faces, em reconhecimento por estarem a viver com sensibilidade um tempo forte de comunhão. No domingo, estivemos ainda numa missa para crianças numa outra paróquia: as crianças entregavam-se sem reservas aos cânticos e, no final da celebração, percebemos que elas constituíam mesmo um coro intitulado... as Crianças Amigas de Jesus!