Porto (Portugal) - Janeiro 2016
Durante o mês de janeiro, a Rita (Irlanda), a Cecília (Itália) e a Ina (Alemanha) formaram uma pequena fraternidade provisória de jovens no Bonfim, no Porto. Aqui ficam alguns ecos:

Porque é que estou aqui? Não consigo falar a língua, ninguém me entende quando falo inglês «porque falo demasiado rápido e porque tenho uma pronúncia engraçada», não sei cantar e não faço ideia sobre o que é que se passa!?! Porque é que estou aqui? Foi então que as palavras de um irmão me atingiram com toda a força: estejam apenas lá, estejam com as pessoas e participem nas três orações diárias... é tudo aquilo que temos de fazer. Ok!
Há uma intensidade estranha nas interações com as pessoas quando não falamos a mesma língua, que não é o mesmo que dizer que não se entendem uns aos outros. Sem a língua, sem os mal entendidos que às vezes surgem das palavras, sem a capacidade de rotular todo e cada momento, surge um estranho mas bonito momento de estar apenas presente com o outro e junto do outro.
Sentimo-nos parte da família, apesar da barreira linguística. Em geral, os Portugueses, tal como experienciamos, não deixam que a língua seja um problema na aproximação e no cuidado e eles dedicam tempo à comunicação seja ela feita da maneira que for possível. (...)
A comunidade do Bomfim é, no seu caráter latino muito acolhedora, calorosa, cuidadosa... É visível que o Padre Nuno e as pessoas da paróquia estão muito felizes com a nossa presença, o que sempre se manifesta através de abraços e de sorrisos. Este ambiente de abertura, de acolhimento, de família e de simplicidade ajudou-nos a sermos espontâneos e sermos nós próprios e foi essencial para construir a nossa pequena comunidade. Conseguimos criar um equilíbrio entre o nosso espaço, físico ou não, e o tempo de partilha com as pessoas da paróquia. Vivíamos numa pequena casa perto da casa do Padre Nuno mas separada da dele, na realidade.
Durante as quatro semanas, da parte da manhã, ajudávamos no que fosse necessário e que nos pedissem na secretaria (embrulhar estátuas em papel, tirar fotografias de ¡cones...), passávamos algumas horas por dia num Centro de Dia para idosos e trabalhávamos num projeto que visava recolher comida de restaurantes e redistribuí-la a famílias carenciadas.
O trabalho no Centro de Dia não pretendia ter um resultado prático, o que o tornou um serviço muito poderoso e real; de facto, não havia qualquer expectativa do lado deles. Eu diria que do nosso lado, tínhamos projetado algo no início, como fazer mais actividades em conjunto de modo a podermos conhecê-los melhor; mas rapidamente percebemos que tudo era muito mais simples, bastava apenas estar ali e partilhar o nosso tempo com um grupo de idosos que está sentado em sofás durante grande parte do seu dia. Tivemos uma oração fantástica no Centro de Dia com os idosos! Foi um momento de pura harmonia e de paz e eles pediram-nos para o fazermos de novo! Estamos tão gratas por esta partilha!
O projeto do banco alimentar foi grandioso e interessante na forma como resultou. A melhor parte foram as pessoas, as dinâmicas de grupo com tamanha diversidade e mistura de contextos sociais. Trabalhámos em pequenas equipas, diferentes todas as noites, cada uma com o seu próprio sistema e onde as suas próprias personalidades se foram revelando.
Na sexta feira, dia 29, organizámos uma noite de oração, das 21h00m às 9h00m. Nesta altura, veio muita gente e a capela esteve cheia durante várias horas. Tivemos uma oração a cada hora e silêncio durante o tempo restante... nunca pensei vir a dizer isto, mas foi incrível.
Nem foi sempre fácil, uma vez que passávamos muitas horas juntos. Parece-me normal que às vezes existam algumas tensões e mal entendidos, mas fomos capazes de lidar com isso, apesar de às vezes as nossas diferenças se evidenciarem e termos de pensar em conjunto como fazê-las diluir, uma vez mais. (...)
A vida comunitária no Porto trouxe consigo alguns desafios, mas acho que em qualquer vida comunitária isso é apenas parte ou uma parcela do que estamos a fazer. É inevitável que em alguns dias seja um pouco mais difícil, mas a beleza e os momentos alegres superam cada um desses dias.

O Padre Nuno escreve:
A experiência de um mês parece pequena, não chega a haver tempo para conflitos e para resolver conflitos, compreendo que seja a possível. A minha casa e a minha paroquia estão sempre abertas para acolher uma fraternidade provisória. Eu penso que a evangelização das cidades passa por este testemunho de gente que reza e trabalha pelo único desejo de servir Jesus. E se a comunidade família cada vez vive menos pelo Evangelho é muito bom que se «force» a existência de pequenas comunidades que vivem no esforço radical do Evangelho. Não substituem a família, vão além da família.
Verão de 2014
De 21 de Julho a 15 de Agosto de 2014, três jovens fizeram a experiência de viver numa «pequena fraternidade provisória» no Porto.
A paróquia de Nossa Senhora da Vitória acolheu o desafio da Comunidade de Taizé para receber uma «pequena fraternidade provisória». A Jeanne, a Judith e a Yolanda, de nacionalidades respectivamente francesa, alemã e espanhola, fizeram voluntariado no centro social da paróquia, numa vida de partilha e simplicidade ritmada por três orações comunitárias diárias.

De segunda a sexta-feira às 18h30, a oração foi aberta a todos os que quiseram participar, na Igreja de São José das Taipas.
Quando tinham disponibilidade, as jovens participavam também em actividades juvenis noutras paróquias. Sexta-feira 25 de Julho puderam participar numa oração em Espinho, na praia:

Estas «pequenas fraternidades provisórias» começaram inseridas no programa que a Comunidade propôs para celebrar os 75 anos da sua fundação e o centenário do nascimento do seu fundador, o irmão Roger. Foram etapas da preparação do «Encontro por uma nova solidariedade» [article16600.html], que teve lugar em Taizé de 9 a 16 de Agosto de 2015. Depois continuaram, dada a riqueza da experiência.