O encontro de Sevilha, que teve lugar de 8 a 10 de Maio, reuniu mais de 2000 jovens espanhóis e portugueses. Dois dos participantes, o Ignacio e a Marta, enviaram-nos algumas linhas sobre a experiência que viveram.
Viver o inesperado

«Éramos muitos os que há muito tempo sonhávamos com um encontro de jovens animado pela Comunidade de Taizé na Andaluzia. Tínhamos a intuição de que esse encontro nos poderia ajudar na nossa procura espiritual e despertar questões profundas: Como orientar a pastoral juvenil? Como continuar a fortalecer a comunhão e a amizade dentro da comunidade eclesial? Como nos poderemos continuar a renovar como Igreja, para melhor servirmos as pessoas da nossa terra? Como abandonar o desânimo e o cansaço que por vezes nos paralisam? E como poderemos fazer crescer a esperança e a confiança em Deus?
Uma vez mais, o Espírito Santo precedeu-nos e acompanhou-nos. A Delegação Diocesana da pastoral juvenil pôs-se a trabalhar e, graças ao esforço e dedicação de muitas pessoas, esta nova etapa da Peregrinação de Confiança através da Terra foi uma bonita e fecunda realidade.

Com mais de dois mil participantes provenientes de várias dioceses espanholas, muitos cristãos sevilhanos e uma bela representação de jovens portugueses, rezámos juntos na catedral, partilhámos a nossa amizade, reflectimos e dialogámos sobre os desafios de anunciar Jesus Cristo e de nos empenharmos na construção de um mundo mais justo e reconciliado, onde cada um possa assumir as suas responsabilidades.
O acolhimento em Sevilha foi, para não nos alargarmos em adjectivos, simples, carinhoso e muito generoso. Algumas pessoas, sem saberem muito bem o que era Taizé, abriram as portas das suas casas e das suas vidas aos jovens participantes no encontro.

A maior admiração que tive no encontro foi a dedicação que os sevilhanos tiveram para com os cânticos e para com o coro. A grande maioria destes nunca tinha cantado ou tido contacto com cânticos de Taizé, mas mesmo assim estiveram desde Janeiro a ensaiar. A direcção coral foi entregue a uma portuguesa. Neste fim-de-semana, a harmonia ibérica reinou e as diferenças foram esquecidas para dar lugar a amizades que tornaram as orações momentos bonitos.
As palavras de abertura do Cardeal D. Carlos Amigo e do irmão Alois direccionaram o encontro. Ambos convidaram toda a gente a fixar o olhar em Cristo Ressuscitado, a rezar com a Sagrada Escritura e a viver uma experiência de comunhão e de procura, confiando plenamente em Deus. O prior de Taizé recordou com emoção que, há trinta anos, cheio de entusiasmo, o irmão Roger tinha lançado exactamente em Sevilha a iniciativa de peregrinar por toda a Terra, para fazer crescer nos jovens a confiança em Deus e nos outros.

As perguntas que nos lançaram foram acolhidas com emoção por todos. Onde encontrar as fontes de felicidade e um sentido para a vida? Ousaremos perguntar com coragem como dar resposta aos graves problemas que atravessam a humanidade? O interior da linda catedral tornou-se num espaço para escutar Cristo e para procurar respostas e um novo impulso.
Sevilha tem uma cor especial, diz a carta de uma famosa sevilhana. A luz, as cores e os odores de Sevilha são distintos. Nas orações comunitárias, o «distinto» manifestou-se na eterna novidade do silêncio: houve outra forma de estarmos presentes, de nos dirigirmos a Deus, de nos relacionarmos, uma presença austera e simples.

Finalmente, o encontro permitiu renovar o convite à generosidade, a reanimar o entusiasmo que há em cada animador pastoral, em fazer da pastoral juvenil uma prioridade da Igreja Espanhola. A confiança em Deus, que encontra a sua fonte no acolhimento com fé da Sagrada Escritura, deve levar-nos à coragem para acolhermos a realidade tal como ela é e para nos atrevermos a ir mais longe.»