23 de Outubro de 2004
O baptismo será necessário para entrar na vida cristã?
Para compreender o sentido do baptismo em toda a sua amplitude, é preciso ver como era vivido pelos primeiros discípulos de Cristo. Aquando do primeiro Pentecostes cristão, os ouvintes de Pedro são atingidos no mais profundo deles próprios ao perceberem que não tinham sabido descobrir em Jesus o Enviado de Deus. Esmagados pelo desgosto, perguntam aos apóstolos: «Que devemos fazer?» E Pedro responde: «Convertei-vos, e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo para a remissão dos seus pecados; (...)
14 de Março de 2006
Um dia, alguém levou crianças até Jesus para que ele as abençoasse. Os discípulos opuseram-se. Jesus indignou-se e disse-lhes para deixarem as crianças chegar até ele. Depois disse-lhes: «Quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele» (Marcos 10,13-16).
É útil lembrar que, anteriormente, foi a estes mesmos discípulos que Jesus dissera: «A vós é dado conhecer o mistério do Reino de Deus» (Marcos 4,11). Por causa do Reino de Deus, eles deixaram tudo para seguir Jesus. Procuram a presença de Deus, querem fazer parte do seu Reino. Mas eis (...)
18 de Junho de 2009
Antes de se tornar numa palavra do credo, da teologia e do catecismo, «Igreja» é uma palavra bíblica. O que se segue não é uma meditação sobre a Igreja, mas uma tentativa de reencontrar como os leitores do Novo Testamento percebiam esta palavra, com a esperança de lhe devolver um pouco da sua frescura primeira.
A palavra ekklesia aparece mais de duzentas vezes na Bíblia grega que a maioria dos cristãos dos primeiros séculos lia. O que pode surpreender-nos é que se encontra quase tantas vezes no Antigo como no Novo Testamento. Na versão grega do Antigo (...)
29 de Novembro de 2006
É através do tema da cidade que a Bíblia aborda esta questão. No livro do Génesis, esta é vista com desconfiança. Caim, homem de violência, torna-se o primeiro construtor de uma cidade (ver Génesis 4,17). Depois, Babel e Sodoma são locais onde os homens constroem uma falsa autonomia, esquecendo a Fonte da sua existência. Em oposição a estas tentativas, os crentes, a exemplo de Abraão (ver Génesis 12,1-4), vivem como peregrinos em direcção a outros horizontes, tendo apenas a fé como bússola.
Mais tarde, uma outra cidade aparece. É Jerusalém, a (...)
11 de Agosto de 2004
Por que razão chama Jesus «novo» ao mandamento de nos amarmos uns aos outros?
Uma só vez, Jesus qualificou um mandamento como «novo». Na noite da sua paixão, ele disse aos seus discípulos: «Dou-vos um novo mandamento: que vos ameis uns aos outros; que vos ameis uns aos outros assim como eu vos amei» (João 13,34). De que forma este mandamento é novo? O amor mútuo não é já pedido no antigo mandamento: «Amarás o teu próximo como a ti mesmo» (Levítico 19,18)?
Jesus dá ao amor uma nova medida. Ele diz «como eu vos amei» no momento em que, por amor, dá tudo. «Antes (...)
23 de Junho de 2006
A Antiguidade via o mundo como uma casa de três andares: no cimo, o céu, morada de Deus e dos seus anjos; sob a terra, o reino dos mortos; e, no meio, a terra, povoada pelas plantas, os animais e os homens. Num universo destes, a importância do ser humano parecia natural. Situada entre o mundo divino e o mundo criado, o ser humano era chamado a ser o mediador entre os dois.
A ciência moderna modificou radicalmente esta forma de ver as coisas. Perdidos num pequeno planeta que gira à volta de uma estrela entre milhares, numa galáxia média de um (...)
11 de Agosto de 2004
Por que é que um instrumento de morte se tornou no símbolo do cristianismo?
A morte é o maior enigma da condição humana. Tudo o que construímos durante longos anos, tudo o que é belo na existência humana, parece desvanecer-se em fumo no espaço de um instante. E eis que no coração da fé cristã encontramos o símbolo de uma morte violenta.
Na realidade, desde o começo, a morte não está justamente no centro do Evangelho. A fé começa pelo anúncio de uma Vida mais poderosa do que a morte: «Ressuscitou!» É à luz da ressurreição que a morte toma o seu lugar na (...)
6 de Outubro de 2007
O que parece ser claro na tradição judaica e no Novo Testamento cria uma dificuldade nos tempos actuais, de grande individualismo. Em oposição à ideia contemporânea de «cada um por si», cada ser humano era considerado como um representante da humanidade, vista como uma unidade, não de forma abstracta, mas como uma realidade espiritual. É difícil para nós, hoje, imaginarmos algo assim.
Todavia, temos experiências de estreita solidariedade humana, de profunda comunhão, em que sentimos que a humanidade é una e que cada ser humano pode ser imagem desta (...)
11 de Maio de 2005
O Evangelho é só para os cristãos?
Segundo as palavras de Cristo, o Evangelho é para toda a humanidade: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura» (Marcos 16,15). Mas nos dias de hoje a ideia de missão é embaraçosa. Será que o mundo inteiro deveria adoptar a nossa religião cristã? A missão não esconde um desejo de dominar? A expansão do cristianismo andou por vezes lado a lado com guerras de conquista. Jesus enviou os seus discípulos «como cordeiros para o meio dos lobos» (Lucas 10,3), e alguns cristãos comportaram-se por vezes como (...)
12 de Abril de 2005
O que quis Jesus exprimir ao deixar-nos a Eucaristia?
O coração da mensagem cristã é o anúncio da comunhão, uma vida partilhada com Deus que tem como consequência a solidariedade entre as pessoas, todas filhos e filhas de um mesmo Pai. Na sua vida na terra, vivida como qualquer um de nós, Jesus não se limitou a convidar as pessoas a abrirem-se a esta mensagem; concretizou-a na sua própria existência: «Desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: que eu não perca nenhum (...)
6 de Julho de 2005
Um bom conhecedor dos escritos dos primeiros cristãos chamou a atenção para o facto de que é preciso esperar pelo século IX para encontrar uma obra sobre a Eucaristia. Antes desse período, embora as referências à Eucaristia sejam frequentes e de grande importância, esta não é objecto de um tratado. É que, para os primeiros cristãos, a Eucaristia nunca é tomada isoladamente. Está sempre ligada ao conjunto do mistério da fé, de que é uma síntese. Se um ponto essencial da fé é contestado, é a Eucaristia que servirá de ponto de referência para mostrar o que (...)
29 de Junho de 2007
Nos tempos actuais tão marcados pelo marketing, começamos a duvidar daqueles que nos prometem algo de bom. Neste contexto, o verbo «evangelizar» do Novo Testamento pode trazer-nos algum receio. Temos vergonha de propor a nossa a fé a outra pessoa, como se estivéssemos a tentar vender algo. E estamos tão preocupados em respeitar os outros que não queremos dar a impressão de que tentamos impor as nossas ideias ou convencê-los, especialmente quando se trata de uma questão tão íntima como a da confiança em Deus.
Mas será que sabemos realmente o que o Novo (...)
24 de Novembro de 2004
Por que é preciso acreditar para ser salvo?
«O Evangelho é poder de Deus para salvação de todo o crente» (Romanos 1,16). A salvação é a libertação do que desfigura, diminui, destrói a vida. E o poder de que Deus se serve para salvar é «o Evangelho de seu Filho» (Romanos 1,9). Este Evangelho, boa nova, revela Deus dando tudo: o seu perdão, a sua vida, a sua alegria. É por isso que a salvação não está reservada para os que preencheriam certos critérios. É para os bons e para os maus, os sábios e os loucos. Deus salva «todos os que crêem».
Será então a fé a (...)
6 de Outubro de 2007
No Novo Testamento, a fé assume, à partida, um movimento. É um passo concreto que se dá, o de «vir a Jesus». Podemos mesmo dizer que, antes de ser um «movimento na direcção de», é, fundamentalmente, uma sede, um desejo: «Se alguém tem sede, venha a mim; e quem crê em mim que sacie a sua sede» (João 7,37). Mesmo se São João coloca «vir a» e «crer em» lado a lado (Cf 6,35), ele sabe também que «vir a Jesus» depende, em última análise, de uma atracção secreta que o Pai já exercitou no coração (6,44).
Assim, a fé não está, em primeiro lugar, relacionada com verdades (...)
15 de Novembro de 2007
Embora geralmente a fé seja vista como uma religião, porque trata da relação com esse Absoluto a que se chama Deus, esta noção não se revela muito útil para a captar no seu carácter único. Será ela então uma espiritualidade? Sim, no sentido em que oferece um caminho pessoal e vivido de aprofundamento do sentido da existência. Contudo, este caminho não é deixado somente à discrição do indivíduo, não é feito de elementos a pegar ou largar ao sabor dos seus próprios caprichos. É uma peregrinação nas pisadas de Cristo, e coloca forçosamente o peregrino em relação (...)
11 de Agosto de 2004
Que relação com Deus exprimem as palavras temer a Deus?
Há várias palavras que exprimem a nossa relação com Deus: podemos crer em Deus, amá-lo, servi-lo. Por vezes também se diz temer a Deus. Esta expressão é difícil de compreender mas, como não é rara na Bíblia, vale a pena fazer o esforço de uma leitura atenta de alguns textos para tentar compreender melhor o seu sentido.
Há em primeiro lugar o medo como pano de fundo de todas as religiões. As manifestações do divino produzem emoções fortes, que chegam ao pânico e terror. A divindade fascina e ao mesmo (...)
26 de Março de 2007
Entre os numerosos discípulos que o seguiam, Jesus designou doze para serem os mais próximos, para partilharem e continuarem a sua missão. Não foi com ligeireza que instituiu este grupo de doze apóstolos, foi depois de ter rezado toda uma noite.
Mas, a dado momento, Jesus apercebeu-se de uma mudança de atitude em Judas, um dos doze. Jesus compreendeu que ele se afastava interiormente, e até que o ia «entregar», como dizem os evangelhos. Segundo o evangelho de João, já na Galileia, muito antes dos acontecimentos em Jerusalém que deviam levá-lo à cruz, (...)
8 de Maio de 2008
Há feridas que não esquecemos. Nalgumas situações trágicas, o caminho para curar essas feridas parece passar mais por uma tomada de consciência da profundidade do mal do que pelo esquecimento. Não podemos expelir o mal (em qualquer caso, ele permanece), mas podemos tentar não o disfarçar de forma a deixá-lo ser, pouco a pouco, submergido no amor de Deus e depois transformado. Se o Antigo Testamento fala de «ira de Deus» é porque Deus está magoado e o seu amor para com Israel foi ferido pela infidelidade do seu povo.
O aspecto mais extraordinário da (...)
7 de Julho de 2008
Foi «ao passar» (Marcos 1,16 e 2,14) que Jesus reparou nos seus primeiros discípulos. Neste «ao passar» há um sopro de liberdade. Jesus não vinha com uma estratégia bem planeada; ele vê os seus futuros discípulos e chama-os. Diz-lhes muito pouco sobre o que espera deles e também muito pouco sobre o que eles podem esperar dele. Os discípulos descobrem isso a pouco e pouco. Jesus quer que eles sejam tão livres como ele. Ou melhor: livres da mesma maneira que ele é livre.«Tu, segue-me!»: são as últimas palavras de Jesus nos Evangelhos (João 21,22). (...)
24 de Junho de 2006
Para muitos dos nossos contemporâneos, a fé num Deus todo-poderoso e omnisciente não é facilmente conciliável com uma verdadeira liberdade de escolha dada aos homens. Se Deus sabe tudo o que vai acontecer e se ele tem um desígnio para a sua criação, por que havemos de nos esforçar por fazer escolhas autênticas?
Em primeiro lugar, a noção de um «desígnio» ou de um «plano» de Deus não significa que exista uma espécie de livro em que tudo está previamente escrito. Isso quer apenas dizer que a existência do universo e as nossas próprias vidas não são fruto do (...)
16 de Fevereiro de 2009
O sopro de Deus em nós é alegria profunda. Quando estamos felizes, estamos em harmonia com Deus. Mas, quando há outras pessoas a sofrer, a nossa felicidade não está em sintonia com o seu sofrimento. É por isso que o apóstolo Paulo escreve: sim, «alegrai-vos com os que se alegram», mas também «chorai com os que choram» (Romanos 12,15). Nós fomos feitos para a alegria. Mas, quando confrontados com o sofrimento dos outros, é com o choro que somos verdadeiros.
A alegria pode magoar aqueles que dela são excluídos. A satisfação de alguém que teve sucesso (...)
23 de Novembro de 2005
Um cristão deve acreditar no inferno?
Houve um tempo em que a pregação cristã mencionava obrigatoriamente o inferno quando se dirigia a cristãos indiferentes ou refractários. Nos dias de hoje, pelo contrário, a própria noção de um tal castigo escandaliza, de tal forma parece contradizer a fé num Deus de amor. Será que Cristo poderia realmente consentir a perda definitiva de alguém por quem deu a vida até ao fim?
Toda a reflexão sobre o sentido desta doutrina difícil deve começar por uma constatação surpreendente: só com o Evangelho é que aparece o inferno (...)
11 de Agosto de 2004
Qual é a fonte da esperança cristã?
Numa época em que muitas vezes é difícil encontrar razões para ter esperança, aqueles que depositam a sua confiança no Deus da Bíblia têm mais do que nunca o dever de «dar a razão da sua esperança a todo aquele que lha peça» (1 Pedro 3,15). Têm de agarrar o que a esperança da fé contém de específico, para poderem viver enraizados nela.
Ora, mesmo se, por definição, a esperança está direccionada para o futuro, na Bíblia ela enraíza-se no hoje de Deus. Na Carta 2003, o irmão Roger lembra-o: «[A fonte da esperança] está em Deus que (...)
17 de Outubro de 2006
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados» (Lucas 6,37). Será possível pôr em prática estas palavras do Evangelho? Não será necessário julgar, se queremos não baixar os braços face ao que está mal? Mas este pedido de Jesus gravou-se profundamente nos corações. Os apóstolos Tiago e Paulo, que aliás eram muito diferentes um do outro, fazem eco disso quase com as mesmas palavras. Tiago escreve: «Quem és tu, para julgar o teu próximo?» (Tiago 4,12). E Paulo: «Quem és tu para julgar o criado de um (...)
11 de Agosto de 2004
Por que razão amar os nossos inimigos é tão fulcral nos Evangelhos?
No capítulo 6 do Evangelho de Lucas, depois das Bem-aventuranças, Jesus exorta longamente os seus discípulos a que respondam ao ódio com amor (Lucas 6,27-35; cf. Mateus 5,43-48). Este texto, aparecendo nessa situação, ajuda-nos a compreender que Lucas vê no amor aos adversários a característica específica dos discípulos de Cristo.
As palavras de Jesus indicam duas maneiras de viver. A primeira é a dos «pecadores», dito de outra forma, dos que se comportam sem referência a Deus e à sua (...)
8 de Maio de 2008
«Felizes os misericordiosos porque alcançarão misericórdia» (Mateus 5,7). Aos misericordiosos, Jesus não promete nada mais do que aquilo que eles já vivem: a misericórdia. Em todas as outras Bem-aventuranças, a promessa contém sempre algo mais, leva mais longe: os que choram serão consolados, os puros de coração verão a Deus. Mas o que poderia Deus dar de mais aos misericordiosos? A misericórdia é já plenitude de Deus e dos homens. Os misericordiosos vivem já a própria vida de Deus.
«Misericórdia» é uma palavra antiga. Durante a sua longa história, tomou (...)
26 de Maio de 2007
A Bíblia desenha um retrato de um Deus que é Amor e que quer que os seres humanos tenham uma vida plena. Apesar desta convicção nos surgir com Jesus Cristo, encontramo-la já presente nas Escrituras de Israel. A Bíblia começa com a história da criação, colocando no seu centro um Deus que, longe de guardar para si os seus bens, deseja partilhar tudo com os seres que chama à existência. Encontramos depois o coração da fé de Israel, a epopeia de um Deus que liberta um grupo de escravos e o transforma no seu próprio povo, chamado a ser, pela qualidade da sua (...)
10 de Maio de 2009
Perante o milagre da vida, do nosso corpo complexo e tão bem «tecido» (Salmo 139), muitas pessoas concluem que os seres humanos são animados por uma espécie de chama divina. É surpreendente que a nossa mentalidade moderna, profundamente marcada pela ciência, chegue às mesmas conclusões que a «medicina» do Antigo Testamento. Sim, segundo a Bíblia, Deus dá um Sopro aos seres humanos e, nesse Sopro de vida, pode tornar-se presente (ver Génesis 2). Sopro e Espírito são a mesma palavra na Bíblia hebraica.
O desejo dos crentes é que Deus habite neles através do (...)
11 de Outubro de 2008
Dialogar com cristãos de outras confissões significa aprender a tornar-se parceiros em vez de adversários. Não se trata de fazer concessões mútuas, como na diplomacia. Trata-se sim de, juntos, procurar descobrir o mais possível do rosto de Cristo, da sua vontade para o mundo, para a Igreja, para a família humana. Nenhuma tradição pode afirmar possuir tudo de Cristo. Quando tomamos consciência disso descobrimos que precisamos dos outros para que a face de Cristo brilhe em todo o seu esplendor. «O cristianismo», disse um teólogo do século XX, «é uma (...)
19 de Fevereiro de 2008
Quando nos deparamos com uma questão de reconciliação entre pessoas ou grupos, em nome da fé, ouve-se por vezes uma expressão de medo, com o receio de que a uniformização possa destruir aquilo que distingue cada um dos lados. Não iremos perder aquilo que é genuíno na nossa opção? Ou, ainda pior, não existe o perigo de o lado mais forte esmagar os outros, através da imposição do seu próprio ponto de vista?
Este medo deturpa a visão de unidade que é característica da Bíblia e que está no extremo oposto ao das nossas ideias habituais. Geralmente, o nosso mundo (...)
11 de Agosto de 2004
Será que devemos ter remorsos dos nossos pecados?
No momento em que Pedro se apercebeu do que tinha feito ao renegar Jesus, «chorou amargamente» (Mateus 26,75). Algumas semanas mais tarde, no dia de Pentecostes, recordou aos habitantes de Jerusalém como tinha sido escandalosa a execução de Jesus inocente. E estes, «ouvindo estas palavras, ficaram emocionados até ao fundo do coração e perguntaram a Pedro e aos outros Apóstolos: ‘Que havemos de fazer, irmãos?’» (Actos 2,37) Parece que os remorsos se colam às faltas como uma sombra da qual não nos (...)
18 de Agosto de 2004
O que diz a Bíblia sobre o sofrimento dos inocentes?
A objecção de Ivan Karamazov, no célebre romance de Dostoievski, continua a ser para muitos o maior obstáculo à fé num Deus de amor: poder-se-á confiar em Deus num mundo onde há crianças que são torturadas? Se Deus é bom, como pode permitir o sofrimento dos inocentes?
Testemunha da procura espiritual dos homens através dos séculos, a própria Bíblia enfrenta esta questão. Os salmos reflectem a incompreensão dos fiéis face à felicidade dos maus e à infelicidade dos justos: «De nada me serve ter um coração (...)
8 de Junho de 2012
Este artigo desenvolve uma passagem da «Carta 2012 – Rumo a uma nova solidariedade» na qual o irmão Alois escreve:Temos que reconhecer que nós, cristãos, ofuscamos muitas vezes a mensagem de Cristo. Concretamente, como podemos irradiar paz, quando permanecemos divididos entre nós?
O mundo actual entende o indivíduo como ponto de partida. Os nossos contemporâneos possuem um forte sentido da igualdade, ou pelo menos da parecença entre todos os seres humanos, e ficam impacientes com todas as distinções naturais ou culturais. Potencialmente, todos (...)
18 de Junho de 2009
Depois de um século XX em que tantas expectativas foram goradas, em que tantas esperanças ficaram desfeitas, como falar do que ainda podemos fazer para mudar o mundo ou melhorá-lo? Será o discurso desencantado o único possível? A resignação ter-se-á tornado sabedoria? A abdicação tornou-se sinal de lucidez? Será necessário juntarmo-nos ao grupo dos fatalistas para sermos inteligentes? O que dá o melhor das suas energias será condenado a dizer um dia, como o servo sofredor de Isaías, «em vento e em nada gastei as minhas forças»?
Colocar estas questões é, (...)
15 de Janeiro de 2013
No Evangelho, descobrimos a esperança na vida eterna. Assim, a Bíblia revela-nos que existe algo que ultrapassa a nossa vida terrena: o amor de Deus não se limita à nossa existência aqui. Como escreve o autor da Epístola aos Hebreus, «procuramos uma pátria» e «aspiramos a uma pátria melhor, isto é, à pátria celeste» e não à terrena (Hebreus 11, 14-16). Ao longo da vida de Jesus, e particularmente na sua ressurreição, Deus convida-nos a uma vida além da que vivemos agora.
Desta forma, o interesse no futuro do planeta pode parecer secundário: não será isento (...)