TAIZÉ

Encontro Ibérico

Ser missionários do Evangelho na vida quotidiana

 
A onda de paz de Taizé inundou o Porto em tempo de Carnaval. Seis mil pessoas participaram neste evento marcado pela oração, pelo encontro, pela alegria, pela vontade de conhecer mais e melhor o que deve marcar um jovem cristão hoje. Construir um mundo de justiça e paz é um objectivo que passa pela opção de um estilo de vida mais simples.

Um Carnaval diferente

D. Manuel Clemente sonhou com um carnaval diferente para o projecto «Porto – Missão 2010». Quis organizar uma festa com uma «alegria sem ressaca» e pensou em Taizé. Foi até à «colina da Paz», falou com o irmão Alois (Prior desta Comunidade Ecuménica) e tudo foi acertado. Assim, o II Encontro Ibérico de Jovens, promovido pela Comunidade de Taizé, realizou-se no Porto, de 13 a 16 de Fevereiro. Foi um Carnaval diferente, marcado pela alegria da espiritualidade e do encontro.

Os números falam alto: seis mil pessoas aderiram ao Encontro, com jovens vindos de 26 países, mesmo sendo um Encontro Ibérico. Foram centenas as famílias que abriram as suas portas aos jovens, divididas por 39 Centros de Acolhimento.

«As fontes da alegria cristã» foi o tema do encontro que contou com um documento especial: a Carta da China, escrita pelo irmão Alois, depois de ter visitado este grande país e ter verificado a sede de espiritualidade que invade milhões de pessoas que, anos a fio, foram impedidas de expressar e celebrar publicamente a sua Fé.

Manhãs nas Paróquias

As manhãs eram intensamente vividas nos Centros de Acolhimento (paróquias e centros comunitários das Igrejas que aderiram ao Encontro).

Passei todas as manhãs na Paróquia da Foz do Sousa, em Gondomar. Domingo, 14, houve um tempo de apresentação e de reflexão no edifício da Junta de Freguesia, com os 70 jovens acolhidos e muitos outros da Paróquia. O momento alto foi a Eucaristia na Igreja Paroquial, animada pelos jovens e com uma participação massiva da comunidade. No fim, no adro da Igreja, dos ranchos folclóricos garantiram uma animação segundo as raízes culturais da terra. E o espaço tornou-se pequeno para tanta gente a dançar.

A 2ª feira foi marcada por muito frio e muita chuva, alterando o programa previsto. O salão da nova Capela de Jancido acolheu os jovens e comunidade para a Oração da Manhã, prevista no Guião. O Trabalho de Grupos, seguindo a Carta da China, ocupou o resto da manhã, seguindo os jovens de autocarro para o Porto.

O dia de Carnaval foi especial, porque o tempo ajudou à festa. Após a oração da manhã, os jovens fizeram uma caminhada pelo meio dos montes, em grupos de reflexão, parando de quando em vez para partilhar mais algumas passagens da Carta da China. Uma paragem junto ao Rio Sousa permitiu a todo o grupo um momento de animação e distensão, com meta na Igreja Paroquial onde um grupo de leigos já preparava os grelhados com que brindaram os jovens e as famílias de acolhimento, num almoço de despedida.

Orar ao jeito de Taizé

O epicentro do encontro era o Pavilhão Dragão-Caixa, no Porto. Tudo começou com o acolhimento e divisão dos jovens pelas famílias, na manhã e início da tarde de sábado. Um concerto abriu a festa, criando condições para o primeiro grande momento que foi a oração da noite, que teve também a espaçosa Igreja da Trindade como lugar de reunião.

O irmão Alois, na sua primeira intervenção, falou da Carta da China e das interrogações que o guiou na sua redacção: «em todo o ser humano habita uma sede de vida em plenitude; como poderá a fé em Cristo responder a esta sede?». Referiu que o mundo vive tempos de mudança, mas «uma refundação do sistema económico e financeiro mundial, não acontecerá sem uma mudança do coração humano. Como lançar as bases de um sistema mais justo enquanto alguns continuarem a querer acumular riquezas em detrimento dos outros?». Pediu pelas vítimas do Haiti. Este momento de oração durou cerca de 90 minutos, terminando com os jovens a adorar a cruz.

No domingo, o irmão Alois afirmou que a mudança do coração acontece quando queremos e nos voltamos para Deus: «É Deus que o muda. Será que, todos os dias, poderíamos encontrar um pouco de tempo para nos voltarmos para Deus?» Há que fazem uma triagem dos desejos e escolher um estilo de vida simples para que o mundo seja mais fraterno e mais justo.

A Vigília de 2ª feira foi de luz. O Dragão-Caixa estava às escuras quando milhares de velas foram acesas, uma a uma, enchendo de luz aquele espaço repleto de jovens: o canto sereno e os longos silêncios deram vida a esta última noite do Encontro. Na sua última intervenção, o Prior de Taizé pediu aos jovens que aprofundassem a fé e a transmitissem, pelo testemunho, aos outros jovens. Pediu-lhes que fossem «missionários do Evangelho na vida quotidiana». Pediu para tomar a sério o canto: «a alma que anda no amor nem cansa nem se cansa». Agradeceu ao Porto este Encontro. As palavras de D. Manuel Clemente foram de gratidão, terminando com uma convicção: «Isto é para continuar!». E arrancou uma enorme salva de palmas.

Workshops na cidade

As tardes foram para conhecer o Porto e reflectir sobre a Missão que acontece de muitas maneiras. Domingo e segunda ofereceram 21 workshops, abrangendo áreas temáticas tão diversas como a cultura, a oração, a bíblia, o ecumenismo, a missão, a música, o combate à pobreza, a bioética, a solidariedade, a vocação, a economia, a relação ciência-fé. Os jovens foram percorrendo estas propostas de reflexão, podendo apenas participar em dois. Antes destes encontros, houve momentos de oração em diversas Igrejas do Porto.

Tony Neves
espiritanos.org

Última actualização: 23 de Fevereiro de 2010