TAIZÉ

Meditação do irmão Matthew

Senhor, mostra-me o caminho

 
Quinta-feira, 8 de agosto de 2024

Estamos muito contentes por vos receber de tantos países esta semana em Taizé. Vieram em grande número, sobretudo da Suécia e da Alemanha, mas também de Portugal, Itália, França, Hungria, Roménia, Sérvia, República Checa e de diferentes regiões de Espanha. Estamos também gratos pela presença de jovens da Ucrânia entre nós.

Esta semana foi especialmente intensa. Gostaria de falar de dois acontecimentos especiais que nos marcaram por estes dias.

Em primeiro lugar, na noite de terça-feira, o nosso irmão Matthias fez o seu compromisso para toda a vida como irmão na comunidade. Foi uma grande alegria para nós, e foi também uma grande alegria acolher a família dele! Depois de um período de voluntariado em Taizé, começou a trabalhar como professor, mas pediu para voltar aqui porque sentiu um chamamento para se tornar irmão na nossa Comunidade.

Estávamos a conversar no início desta semana e eu disse-lhe que queria dizer algo esta noite sobre a música “Herre visa mig vägen” que cantamos em sueco, pois muitos jovens que aqui estão vêm da Suécia. Ele sorriu e disse que este era um cântico novo em 2018, quando regressou a Taizé, e que o acompanha desde então.

Estas palavras de Santa Brígida, uma sueca que viveu no século XIV, são muito belas e preparam-nos para entregar a nossa vida a Cristo, para segui-lo todos os dias. Ela reza: “Senhor, mostra-me o caminho e ajuda-me a estar disposto a percorrê-lo, dá-me paz no coração”.

Brígida era uma mulher que amava a Igreja e que sofreu por causa das divisões existentes na sua época. Tinha um coração de unidade e foi uma mulher peregrina que se deslocou a Santiago de Compostela e também a Roma, que naquele tempo eram enormes viagens a empreender.

Será que cada um de nós poderia procurar rezar estas palavras durante os próximos meses? Ao rezá-las, talvez vejamos com mais clareza o que Deus nos pede. Podemos tornar-nos peregrinos de unidade e de paz como Brígida e o Espírito Santo dar-nos-á a ousadia necessária para assumir o risco de dizer sim a Cristo com toda a nossa vida.

Cada pessoa tem uma vocação. Deus precisa de pessoas que testemunhem o amor revelado em Jesus em todas as esferas da vida. Não existe chamamento superior ou inferior. Mas será que cada um de nós estará pronto para reservar tempo para procurar ou talvez para renovar um compromisso com Cristo na sua vida? Isto é algo não apenas para uma estadia em Taizé, mas para cada dia da nossa vida, onde quer que Deus nos chame a estar.

Em segundo lugar, durante esta semana, temos a oportunidade de ouvir os crentes da tradição ortodoxa. Caminhar juntos com cristãos de diferentes origens é um passo essencial no caminho para a unidade de todos os que amam Cristo.

Quando viajei por países ortodoxos, fiquei muitas vezes impressionado com a beleza das celebrações, onde sentimos algo do mistério de Deus e uma fé inabalável na Ressurreição de Cristo.

Esta semana temos connosco um grupo da Igreja Ortodoxa Ucraniana, acompanhado pelo Bispo Efrem de Kiev. Gostaria de perguntar a Anastasiya, que está connosco esta noite: "O que significa viver como Igreja em tempos de guerra?

Anastasiya : "Hoje, como Igreja Ortodoxa na Ucrânia, procuramos uma forma de ministério durante a guerra. Uma das principais questões desta busca tem sido a redescoberta da compreensão da comunidade como uma união capaz não só de partilhar alegria, mas também de viver em conjunto o sofrimento.

Isso significa um exercício constante de escuta do outro, apesar da intensidade da voz da dor interior. A violência procura a discórdia e o silêncio, mas a comunidade como forma de serviço não o permite; cria paciência, amor e dá lugar à Palavra.

Para os crentes ortodoxos na Ucrânia, a Comunidade de Taizé é hoje um lugar onde os nossos primeiros passos se tornam mais confiantes."

Amanhã à noite, o Metropolita Demetrios, da Igreja Ortodoxa Grega, virá de Paris para celebrar connosco a Liturgia à hora a que normalmente temos a oração da noite, aqui na Igreja da Reconciliação. Visitou várias vezes Taizé e é um servo de Deus muito humilde e generoso.

Para muitos de vocês será uma experiência nova, talvez não fácil de compreender, mas escutai a antiga tradição da oração cantada e o mistério da liturgia. Será também um momento de oração para nós com os cristãos dos países ortodoxos onde a guerra está presente ou a liberdade é limitada.

Quando os nossos irmãos e irmãs ortodoxos comungarem, nós, irmãos de Taizé, distribuiremos pão benzido a todos os outros membros da assembleia. Embora não possamos partilhar o mesmo cálice, Cristo acolhe-nos como alimentou a multidão no deserto, através deste gesto. O nosso desejo de unidade é demonstrado através da nossa oração conjunta.

Antes da Liturgia Ortodoxa, juntem-se a nós já às 20h00 na igreja para rezar em silêncio, como fazemos todas as sextas-feiras à noite, pela paz no nosso mundo onde há tantos conflitos. Rezamos pela situação onde a guerra está presente, como na Ucrânia e em Gaza, mas também onde existe uma grande tensão, como no Líbano e no Bangladesh.

Temos uma pequena Comunidade de irmãos que vivem em fraternidade no Bangladesh há muitos anos. Esta semana, depois de muitas manifestações e mortes, o governo está a mudar, mas a situação ainda é incerta. Muitas vezes são as minorias étnicas e religiosas que mais sofrem nestes tempos.

Finalmente, no final do ano, vamos reunir-nos em Tallinn, na Estónia, para o nosso Encontro Europeu de final de ano. A Natali gostaria de nos convidar a participar:

"O meu nome é Natali e sou natural da Estónia. Nasci e cresci em Saaremaa, a maior das nossas 2.000 ilhas. Para vos convidar a visitar Tallinn para o próximo Encontro Europeu, preciso de começar pela minha experiência de há dois anos, quando Taizé mudou a minha vida.

Essa foi a minha primeira vez em Taizé e vim para aqui fugindo do caos do mundo e da minha própria vida. Estava cansada e não sabia como continuar.

Em Taizé encontrei a paz dentro de mim, dos outros e da comunidade. Apaixonei-me por este lugar cheio de compaixão, de esperança e de confiança partilhada em Deus. Mas Taizé é muito mais do que um local físico, pois é feito semanalmente por todos nós.

Por isso, convido-vos a viajarem juntos para este país secular do nordeste da Europa, com uma população de apenas 1,3 milhões de habitantes. Nestes tempos universalmente incertos, precisamos de vocês. Precisamos da vossa experiência para construir uma Europa fiel e aberta. Espero encontrar-vos novamente em Tallinn em dezembro."

Vemo-nos então em Tallinn! Agora continuaremos a nossa oração com cânticos, como em todas as noites do ano.


Última actualização: 12 de Agosto de 2024