TAIZÉ

16 de Agosto de 2015

Mensagens recebidas de responsáveis das Igrejas

 

Papa Francisco
Patriarca ecuménico Bartolomeu
Patriarcado de Moscovo
Secretário-Geral da Fundação Luterana Mundial, o Rev. Martin Junge
Secretário-Geral do Conselho Ecuménico das Igrejas, Rev. Olav Fykse-Tveit
Secretário-Geral Adjunto da Aliança Evangélica Mundial, Rev. Wilf Gasser
Secretário-Geral do Fórum Cristão Mundial, Rev. Larry Miller
Arcebispa de Upsala, Primaz da Suécia, Rev. Antje Jackelén
Federação das Igrejas Protestantes da Suíça, Dr. Martin Hirzel
Igreja Protestante Unida de França, Pastor Laurent Schlumberger
Igreja Sírio-Malancara Ortodoxa: Metropolita Geevarghese Mar Coorilose, Mumbai (Índia)
Arcebispo Velho-católico de Utrecht, Dr Joris Vercammen
Igreja Reformada Evangélica do Cantão de Vaud (Suíça)
Venerável Hewon Sunim, Ordem Jogye, (Budista da Coreia)


O Papa Francisco

Neste ano em que a comunidade de Taizé celebra três aniversários, o septuagésimo quinto da sua fundação, o centésimo do nascimento do irmão Roger e décimo aniversário da sua morte, associo-me à vossa acção de graças a Deus, Ele que sempre suscita novos testemunhos fiéis até ao fim. Confiei ao meu Venerável Irmão o Cardeal Kurt Koch a missão de vos transmitir, bem como a todos os membros da comunidade, a certeza do meu afecto.

Como disse o Papa Bento XVI aos jovens por ocasião do Encontro Europeu organizado pela Comunidade de Taizé em Roma em 2012, o irmão Roger «foi uma testemunha infatigável do Evangelho de paz e de reconciliação, animado pelo fogo de um ecumenismo de santidade» (Discurso de 29 de Dezembro de 2012).

Foi este fogo que o levou a fundar uma comunidade que pode ser considerada uma verdadeira «parábola de comunhão», que, até hoje, tem um papel muito importante na construção de pontes de fraternidade entre os cristãos.

Procurando com paixão a unidade da Igreja, Corpo de Cristo, o irmão Roger abriu-se aos tesouros guardados em cada uma das diversas tradições cristãs, sem, no entanto, chegar a uma ruptura com a sua própria origem protestante. Pela perseverança de que deu provas ao longo da sua vida, contribuiu para modificar as relações entre cristãos ainda separados, traçando para muitos um caminho de reconciliação.

Alimentado pelas Santas Escrituras, o irmão Roger referia-se, igualmente, à sabedoria dos santos Padres da Igreja, apoiava-se nas fontes cristãs e sabia actualizá-las junto dos jovens.

O irmão Roger compreendia as novas gerações; confiava nelas. Fez de Taizé um local de encontro onde jovens do mundo inteiro se sentem respeitados e acompanhados na sua procura espiritual.

O irmão Roger amou os pobres, os deserdados, aqueles que, aparentemente, não contam. Revelou, pela sua existência e pela da dos seus irmãos, que a oração anda de mãos dadas com a solidariedade humana.

Dou graças a Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, pela vida oferecida do irmão Roger, até à sua morte violenta. Possa a Comunidade de Taizé manter sempre ardente o testemunho que deu de Cristo Ressuscitado e o apelo que sempre renovado a «escolher amar».


O Patriarca Ecuménico Bartolomeu

2015 é um ano jubilar para a vossa comunidade e desejamos felicitar-vos nesta ocasião. O intervalo espiritual entre o nascimento do irmão Roger há cem anos e a sua morte há dez foi marcado, também, pelos 75 anos da vossa comunidade.

A convergência destes três acontecimentos marca perfeitamente a ligação indissolúvel entre a figura carismática do vosso fundador, o irmão Roger, e a coragem espiritual que demonstrou ao tornar tangível a sua vocação ecuménica. Não se trata unicamente de possuir uma visão, é necessário ser também capaz de lhe dar um corpo e uma alma. Assim, inspirado pela imperiosa necessidade da unidade dos cristãos, o irmão Roger não apenas trabalhou a matéria exterior de uma comunidade autenticamente multi-confessional, como, de igual forma, foi o promotor de um ecumenismo espiritual que se caracteriza por uma atenção particular dada aos jovens.

A união dos cristãos é uma evidência à qual estamos ligados por um compromisso irreversível. É, portanto, e à medida que o tempo passa, as décadas se seguem, que o entusiasmo do começo se esvai, necessário interrogar-se sobre as razões da unidade. Além da interjeição de Cristo no Evangelho de São João, «Sejam um!» (Jo 17, 21), determinante por si mesma da nossa procura do restabelecimento do laço de comunhão, é indispensável compreender a actualidade sempre renovada deste mandamento. É certo que as condições históricas evoluem. Por outro lado, a nossa ligação à reaproximação dos cristãos, à unidade das nossas Igrejas, deve-se à emergência de um kairos ecuménico, pelo qual a catolicidade eclesial se manifestará.

O irmão Roger lega-vos como testamento espiritual a esperança. O olhar desta última vira-se sempre para o futuro, ou seja, baseia-se nas gerações mais jovens. Temos a saudar a importante missão da Comunidade de Taizé por este ecumenismo de vida que encontra a sua fonte num espírito de partilha fraternal, na fidelidade às Santas Escrituras e aos Padres da Igreja.

Terminamos esta modesta mensagem recordando-vos das palavras do teólogo ortodoxo Olivier Clément: «A ’confiança’ é uma palavra chave em Taizé. Os encontros animados pela comunidade, na Europa e noutros continentes, fazem parte de uma peregrinação de confiança sobre a Terra. A palavra ’confiança’ é, por ventura, uma das palavras mais humildes, mais quotidianas e mais simples, mas, ao mesmo tempo, uma das mais essenciais.»

É também no espírito de «confiança» no Senhor que vos felicitamos novamente por ocasião deste ano jubilar para a vossa comunidade e rezamos a Cristo, nosso Deus, para que faça crescer na esperança a vossa essencial missão ao serviço da unidade dos cristãos.


Patriarcado de Moscovo

Neste dia muito especial para a comunidade, a comemoração solene do seu fundador, o irmão Roger, saúdo-vos de todo o coração em nome do patriarca de Moscovo e da Rússia, Cyrille, bem como em meu próprio nome.

É inteiramente certo e sem a menor reserva que a vida do irmão Roger, tragicamente interrompida há dez anos, foi consagrada ao serviço de Deus e dos homens, em plena conformidade com os ensinamentos de Cristo «Assim brilhe a vossa luz diante dos homens, de modo que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu» (Mt 5, 16).

Aquando da Segunda Guerra Mundial, frequentemente arriscou a sua vida para salvar outros, saindo em auxílio não somente de cristãos, mas de todos os que disso tinham necessidade porque «Aí, não há grego nem judeu...» (Col 3,11). Aos olhos de muitos dos que sofreram o irmão Roger identifa-se muito com o «bom samaritano» do Evangelho.

Durante largos anos, o irmão Roger anunciou a Boa Nova, ajudou os que estavam desorientados a encontrar o caminho num mundo em constante mutação. Revelou o exemplo de uma felicidade verdadeira encontrada graças a uma vida edificada sobre a fé e a pureza. O irmão Roger era a própria encarnação da simplicidade e da humildade que nos ensina o Evangelho. Soube procurar e encontrar novas formas de pregação a fim de melhor dar a entender a Verdade Divina aos corações desordenados. Verdadeira luz do cristianismo, o irmão Roger dava o seu melhor para não ser objecto de uma atenção excessiva por parte dos outros. No entanto, «uma cidade no cimo do monte não se pode esconder» (Mt 5, 14). De facto, a obra do irmão Roger tornou-o célebre no mundo inteiro. Em 1988, recebeu o prémio UNESCO da educação para a paz.

Tive a felicidade de várias vezes me ter encontrado com o irmão Roger e o meu coração guarda dele a imagem radiosa do sacrifício cristão.

A comunidade de Taizé foi a obra da vida do irmão Roger. Criou-a para os jovens, para que todos possam reunir-se em redor dos ideais do Evangelho. Taizé tornou-se uma autêntica escola de fraternidade cristã para a juventude de numerosos países. A comunidade contribuiu grandemente para fazer renascer na Europa o interesse e a curiosidade sobre os escritos dos Padres da Igreja e da vida monástica.

Caros irmãos, caras irmãs, celebramos o 75º aniversário da vossa comunidade, bem como o centenário do nascimento do seu fundador: desejo-vos de todo o coração que perpetuem dignamente a obra iniciada pelo irmão Roger, reforçar-vos na fé no Salvador e que manifestem esta fé pela compaixão e amor cristãos.

Que a bênção de Deus recaia sobre todos vós!
No amor do Senhor,

+ Hilarion, Metropolita de Volokolamsk, Presidente do DREE do Patriarcado de Moscovo


O Secretário-Geral da Federação Luterana Mundial, Rev. Martin Junge

É com profunda gratidão que a Federação Luterana Mundial recebeu o convite para estar presente no momento jubilar de Taizé, porque vós, em conjunto com a Comunidade de Taizé e numerosos irmãs e irmãos na fé através do mundo, celebram uma etapa maior da vossa vida e do vosso ministério. Outros compromissos impedem-nos de estar presentes, mas mantemos-vos presentes no nosso pensamento e as nossas orações estão convosco neste dia em particular.

Este ano de 2015 é um marco importante na vida de Taizé, porque marca o centenário do nascimento do irmão Roer, o 75º do início da comunidade e, também, o 10º aniversário da morte do irmão Roger. Todos estes acontecimentos deixaram verdadeiramente uma marca muito especial no mundo.

Em 1915, durante a devastadora Primeira Guerra Mundial, nasceu uma criança que seria um grande criador da paz e que procuraria sempre a unidade por aquele a quem rezava «que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste» (João 17,21). Anos mais tarde, seguindo o apelo de Deus, no começo da Segunda Guerra Mundial, Roger Louis Schutz-Marsauche arriscava a sua vida para oferecer um refúgio na pequena aldeia de Taizé a cristãos e a judeus perseguidos. Desde o seu começo, a comunidade de Taizé fundada pelo irmão Roger foi e continua a ser também um lugar de «encontro para uma nova solidariedade». De há setenta décadas até agora, centenas de milhares de mulheres e homens vindos do mundo inteiro, com diferentes percursos pessoais e diferentes experiências de fé foram transformados pela espiritualidade de Taizé, simples e profundamente enraizada na oração de escuta, que abre a vida a um encontro estreito com Deus e, através dele, ao serviço do próximo.

A vida do irmão Roger foi um imenso presente para este mundo; a sua caminhada de mão dada com Deus era visível nas suas acções, audível sem palavras, mas, sobretudo, reflectia o fruto do amor que ele e a comunidade de Taizé criaram e continuam a criar, guiados pelo Espírito Santo. A procura constante e o trabalho pela unidade, mesmo nas circunstâncias mais difíceis, permanecem um exemplo de humildade e de força, de abandono e de confiança no amor infinito de Deus e na intenção divina que, um dia, sejamos todos um na unidade do Espírito Santo.

Há exactamente dez anos, ao ter conhecimento da morte brutal do irmão Roger, quando rezava rodeado e acompanhado por centenas de pessoas, em conjunto com Job na Bíblia e com numerosas pessoas do mundo inteiro, perguntamo-nos por que sofrem as pessoas de bem? Por que é que Deus permite que um tão grande mal atinja os seus santos? Ainda não o compreendemos. Porém, a nossa confiança num Deus cujo amor ultrapassa toda a compreensão e a nossa esperança na promessa certa da ressurreição suportam-nos para fazer face às mais árduas provas.

Damos graças pela vida e pelo ministério do irmão Roger. Agradecemos o testemunho da comunidade de Taizé que há dez anos, sob a vossa responsabilidade, irmão Alois, continua a oferecer oportunidades, em particular aos jovens, para um reencontro em comunhão íntima com Deus e para trabalhar sem cessar para a compreensão e a reconciliação entre os povos e a sua unidade no espírito de Deus.

Em nome da Federação Luterana Mundial – comunhão de igrejas – ofereço as minhas orações pedindo a mais rica bênção de Deus sobre a comunidade de Taizé, que ignora as fronteiras criadas pelos homens e que aspira a ser fiel a uma vida de alegria, de simplicidade e de misericórdia, guiada pelo Espírito Santo. Possam vós continuar a ser luz e sal da terra.


O Secretário-Geral do Conselho Ecuménico das Igrejas, Rev. Olav Fykse-Tveit

Estamos reunidos para um momento alto de comemorações. 75 anos após o momento em que esta extraordinária visão ganhou vida, Taizé continua a inspirar jovens aos milhares através do mundo. Taizé é uma vila, é uma Comunidade religiosa. Contudo, mais do que isso, é uma paragem espiritual – uma pausa preciosa ao longo da viagem de uma vida e um local de encontro com os outros ao longo do caminho. É igualmente verdade que se encontram aqui ou noutros locais no espírito de Taizé, bem como em muitas outras ocasiões no mundo. A atracção de uma experiência de uma vida de simplicidade e de experiência de oração é um testemunho extraordinário sobre a maneira como tantos jovens vivem uma nova expressão da expressão cristã secular ’ora et labora’, ’rezar e trabalhar’. Aprofundando a minha espiritualidade e inspirando a minha acção, Taizé desempenhou igualmente um papel no meu próprio itinerário de fé. Serei para sempre reconhecido ao irmão Roger e à Comunidade que fundou.

Sob a vossa direcção, caro irmão Alois, a Comunidade apelou a uma «Peregrinação de Confiança através da Terra». Os jovens responderam com entusiasmo, motivados pelo forte laço entre espiritualidade partilhada e a prática da solidariedade. Escreveste: «Continuando a «peregrinação de confiança através da terra», que reúne jovens de numerosos países, compreendemos cada vez com mais profundidade esta realidade: todos os homens constituem uma só família e Deus habita cada ser humano, sem excepção.» (Carta de Calcutá).

É, hoje, vital para nós amar a profunda verdade espiritual segundo a qual pertencemos a uma única família humana e que somos solidariamente parte de uma grande rede da vida. A tomada de consciência que a nossa interrelação é o começo de uma confiança e de uma solidariedade mútuas reclama uma mudança e uma transformação da realidade ambivalente à qual fazemos face. Temos necessidade de sentir profundamente no nosso coração que a nossa pertença ao Deus Trinitário implica uma pertença mútua e à criação. Isto é verdade hoje e será amanhã. Pertencer juntos significa que o nosso futuro está intrinsecamente ligado ao futuro do outro. Não há mais do que um futuro comum para todos nós.

A experiência da vida em comunidade é um reflexo obrigatório da interdependência dos seres humanos. Em Taizé, semana após semana, jovens reúnem-se com os irmãos num ritmo de vida comum, partilhando a oração, o estudo bíblico e o encontro, partilhando, também, as tarefas práticas que tornam possível uma vida conjunta confortável. O ensinamento do compromisso rumo a um objectivo comum mostra-nos que os nossos diferentes dons podem florescer muito mais se forem desenvolvidos com os dos outros num contexto comum de oração e trabalho. É frequentemente um desafio para nós; transforma-nos frequentemente. Contudo, através da história do Cristianismo, os aspectos mais inspiradores e os mais importantes da nossa fé e da nossa missão no mundo foram discernidos e expressados em comunidade.

E, assim, as lições aprendidas aqui dizem que o compromisso de uma vida em comum e uma visão partilhada são dons profundos quando estamos perante as incertezas do nosso futuro. Uma compreensão da força de uma ligação estreita entre a Igreja, humanidade e toda a criação é um imperativo se desejamos ultrapassar a ameaça devastadora das alterações climáticas. É vital para um mundo marcado por uma desigualdade que fere e a falta de solidariedade, onde as condições sócio-económicas mantêm sempre milhões de pessoas numa pobreza abjecta. Tal é sentido num mundo onde a falta de condições sanitárias adequadas possui consequências mortais para muitas pessoas infectadas com vírus e doenças que se podem prevenir. Recentemente assinalámos o 70º aniversário do lançamento das bombas atómicas em Hiroshima e Nagasaki, uma memória sinistra dos horrores da guerra e do perigo permanente do poder nuclear. Estas ameaças contra a vida afectam sem discriminação e isto diz-nos respeito a todos. Temos verdadeiramente necessidade de compreender esta frase: «todos os seres humanos constituem uma só família e Deus habita cada pessoa humana, sem excepção.»

A peregrinação pode definir o movimento ecuménico de hoje. O apelo da Comunidade de Taizé a uma Peregrinação de Confiança através da Terra ressoa em harmonia com o convite da 10ª Assembleia do Conselho Ecuménico das Igrejas em Busan a embarcar numa Peregrinação de Justiça e de Paz. Falando de uma peregrinação que associa as dimensões espirituais da oração e do culto com uma acção prática pela justiça e pela paz, somos conduzidos a recordar-nos que a vida e a identidade cristãs fazem parte de algo maior do que nós, algo que nos une a todos numa solidariedade mútua que é como uma expressão da graça e do amor de Deus. Abandonamos uma abordagem auto-centrada ou de um «self-service» para entrar na fé e na vida cristã. Caminhar juntos nesta peregrinação exige coragem e abertura ao diálogo, a aceitação e a prática da responsabilidade mútua e a integração dos outros no meu próprio futuro. Procurando um significado para além de si mesmo e de nós mesmos como parte de um grupo particular, de uma igreja ou de uma tradição, descobrimos a dimensão plena de vida de uma comunhão maior com aqueles que seguem no mesmo caminho.

Para mim, é verdadeiramente muito significativo que celebremos ao mesmo tempo o 75º aniversário da fundação da Comunidade de Taizé, o centenário do nascimento do irmão Roger e o 10º aniversário da sua morte. Caminhando juntos numa peregrinação de justiça e de paz, reconhecemos cada um como uma pessoa com dons e compromissos específicos que estamos dispostos a partilhar. Enquanto cristãos, olhamo-nos uns aos outros como irmãs e irmãos que se apoiam mutuamente para viver como discípulos de Cristo seguindo os passos de Jesus. Através da sua vida e do seu testemunho, o irmão Roger manifestou a alegria e o sofrimento que existem em viver como discípulo. A viagem da sua vida ajuda-nos a ver um sentido profundo de ser um no corpo de Cristo na oração e na vida prática. As suas reflexões sobre a vida em Cristo no coração do terror nazi e da guerra e, finalmente, na tragédia da sua morte ajudam-nos a manter o nosso olhar fixo na cruz de Cristo. Assim, recordamo-nos deste amor de Cristo que nos une, que reconcilia e que se sacrifica pelo mundo e o dom de uma nova vida na Eucaristia.

Durante a Assembleia do Conselho Ecuménico das Igrejas em Busan, pedimos aos irmãos de Taizé, com um certo número de jovens, que terminassem uma sessão plenária sobre a unidade pela oração. Uma no corpo de Cristo, a Igreja é chamada a ser um sinal profético e a dar um vislumbre do reino de Deus de justiça e de paz que virá. É certo que é uma visão que podemos compreender apenas quando a experimentamos.

Ora et labora - rezar e trabalhar – culto e prático, virar-se para Deus e virar-se para o mundo, estas duas coisas estão ligadas e marcam o ritmo de base da nossa vida enquanto Cristãos. Trata-se da minha própria experiência que o que vemos e aprendemos em Taizé é uma inspiração durável para a nossa própria peregrinação.



O Secretario-Geral Adjunto da Aliança Evangélica Mundial, Rev. Wilf Gasser

Da parte da Aliança Evangélica Mundial, saúdo-vos em nome de nosso Senhor Jesus. É para mim uma grande felicidade e um grande privilégio estar aqui convosco para esta celebração jubilar. Desejamos as bênçãos de Deus para que continuem a vossa obra de reconciliação e solidariedade.

Taizé foi uma bênção para muitas igrejas evangélicas e para mim pessoalmente. Fui inspirado por um grupo bíblico conduzido ao «estilo de Taizé». Aí, encontrei jovens de diferentes tradições; o meu horizonte da fé cristã alargou-se e o meu caminho com Cristo fortaleceu-se. Na Aliança Evangélica Mundial, apreciamos muito a vossa música e a herança de amizade e de paz que o irmão Roger deixou, a vós e ao mundo.

No capítulo 10 do Livro dos Actos, lemos como o apóstolo Pedro foi conduzido a um encontro com o centurião Cornélio. Deus reuniu duas pessoas e duas comunidades e transformou ambas. Foi a amizade, a solidariedade e a reconciliação. Como para Pedro e Cornélio, vemos na relação crescente entre Taizé e as comunidades evangélicas a obra de Deus e um sinal de paz e de esperança num mundo atormentado.

Estamos reconhecidos pelo vosso testemunho do Evangelho de Cristo e pelo vosso ministério actual junto dos jovens do mundo inteiro. Estejam seguros das nossas contínuas orações para que as bênçãos e a paz vos sejam concedidas e que possam continuar a ser vós mesmos uma bênção para a Igreja Cristã e para o mundo.


O Secretário-Geral do Fórum Cristão Mundial, Rev. Larry Miller

Na sua carta para o ano 2014, com o título «Procurar a comunhão visível entre todos aqueles que amam a Cristo», o irmão Alois escreveu: «Cristo oferece a sua amizade a todos, sem rejeitar ninguém. Os que amam a Cristo sobre toda a terra formam uma espécie de uma grande comunidade de amizade. Chama-se comunhão. Por ela, têm uma contribuição a dar para curar as feridas da humanidade...»

Para nós, cristãos, o caminho rumo a uma nova solidariedade com toda a humanidade é fundado sobre o caminho rumo a uma solidariedade que se desenvolve mais profundamente, mais alargadamente e mais visivelmente com todos os que amam a Jesus Cristo.

Quando dizemos que procuramos uma comunhão visível com todos os que amam a Cristo, devemos imediatamente perguntar-nos com quem é que é que a nossa comunhão não é ainda visível ou o é de forma insuficiente. Trata-se de uma das questões que examinámos convosco, irmão Alois, quando vários representantes do Fórum Cristão Mundial visitaram Taizé em Março de 2014. Quem se encontra ausente da comunidade de amizade visível à qual somos, todos juntos, chamados?

Para a comunidade de Taizé, como o disseram, são em parte as mais jovens igrejas, as igrejas evangélicas e pentecostais, que hoje constituem uma grande crescente de todos os que amam a Cristo no mundo inteiro. O Fórum Cristão Mundial pode dar testemunho de uma realidade de uma comunidade de amizade que já formaram com um número significativo destas igrejas, por vezes até sem o saber. Quando o Fórum ajudou no processo de convite dos líderes destas igrejas para este dia de comemoração e de celebração, ficámos surpresos pelo número dos que nos disseram: «Sim, conhecemos e respeitamos Taizé», ou, pelo menos, «os nossos jovens conhecem e amam Taizé!». O vosso convite a estes líderes e a sua presença aqui demonstra esta amizade, esta comunhão, e torna-a mais visível. Este caminho que os irmãos fazem rumo a uma nova solidariedade em Cristo é importante e exemplar para todos nós – jovens igrejas e igrejas mais antigas. Obrigado por este dom.

Permitam-me uma palavra respeitante ao vosso dom para descobrir e alimentar novas solidariedades no corpo de Cristo. Habitualmente, ao longo dos encontros do Fórum Cristão Mundial, sejam globais ou regionais, cada igreja conduz as suas orações segundo as suas próprias tradições, enquanto que as outras presentes participam na medida do que lhes é possível. Mas, antes do segundo encontro global, na Indonésia em 2011, pedimos-vos que nos ajudassem a criar uma forma de oração na qual cada tradição, por vezes as mais antigas e noutros momentos as outras, pudessem sentir que rezam numa grande comunidade de amizade em Cristo, numa comunhão que, porventura, não pode ser ainda plenamente visível, mas que, pelo menos, pudesse já ser profundamente sentida. Enviaram um irmão para nos conduzir, e realizou coisas deforma admirável e com grande sucesso. Obrigado por este presente.

Recebam a nossa profunda gratidão pelo vosso dom de inspirar a novas solidariedades no corpo de Cristo – a fim de que este corpo possa contribuir à cura da humanidade. Fazemo-vos, também, a promessa de caminhar convosco neste caminho de misericórdia que se abre agora perante nós nos tempos que chegam.


A Arcebispa de Upsala, Primaz da Suécia, Rev. Antje Jackelén

«O maior de entre vós será vosso servidor» (Mc 12,1). Estas palavras de Cristo foram escolhidas para a presente 11ª Semana da Santíssima Trindade no Lecionário Sueco.

Estas palavras ressoam no meu coração com uma alegria de reconhecimento ao enviar-vos as minhas calorosas saudações e assegurando-vos da minha comunhão espiritual neste tempo de celebração do nascimento do irmão Roger e, igualmente, do 75º aniversário da vossa comunidade. A Comunidade de Taizé tem sido um servidor e tem certamente formado servidores através dos anos: servidores dos peregrinos e dos jovens que procuram as fontes borbulhantes da fé no nosso tempo. Foram, também, servidores de um grande projecto de paz no mundo através da vossa oração incessante por todos nós.

Cada ano, mais de três mil jovens suecos chegam a Taizé, onde encontram não apenas a vossa hospitalidade, mas, também, a experiência da simplicidade, da comunhão e do amor do Evangelho. Pelas orações, pelo cântico, o trabalho em comum, bem como pelos ateliês sobre a fé e a vida, são convidados a reaproximar-se de Cristo, o maior de entre nós e, portanto, o servidor de todos. Tal é o mais importante aspecto da encarnação de Deus, como o próprio irmão Roger o experimentou: «Deus só pode amar».

Possa a nossa peregrinação comum dar frutos. E possamos nós manter próximos do nosso coração as palavras de Santa Teresa de Lisieux: «O mais pequeno movimento de puro amor é mais útil à Igreja do que todas as outras obras reunidas.»


A Federação das Igrejas Protestantes da Suíça, Dr. Martin Hirzel

Saúdo-vos com a palavra da semana retirada das «Palavras a Textos» dos irmãos morávios: «Deus resiste aos orgulhosos, mas dá a sua graça aos humildes» (1 Pedro 5,5). A humildade é um fundamento essencial da vida do cristão e da vida da comunidade cristã. Contudo, para muitos dos nossos contemporâneos, esta palavra tem uma conotação antiquada.

No entanto, humildade não significa servidão. No seu tratado «Da liberdade cristã», Martin Luther King dá uma descrição inolvidável da dupla natureza da humildade cristã: «O homem cristão é, em todas as coisas, o mais servil dos servidores e sujeito a todos». Todavia, é igualmente «o homem mais livre; mestre de todas as coisas, e sujeito a ninguém». A humildade cristã que decide espontaneamente colocar-se ao serviço do próximo, temo-la em Cristo: ele liberta-nos para uma vida de alegria, de simplicidade e de misericórdia.

Aqui em Taizé, esta vida cristã na humildade e, ao mesmo tempo, na alegria, na simplicidade e na misericórdia é uma realidade vivida há setenta e cinco anos com constância e fidelidade. É colocada em prática todos os dias pelo ajoelhar e a oração, o silêncio e o trabalho ao serviço do próximo.

Hoje, temos o nosso coração repleto de reconhecimento pelo serviço que dão, vós, irmãos de Taizé, e pela vida do fundador da vossa comunidade, o irmão Roger. Recordamos todo o enriquecimento que a comunidade de Taizé trouxe às nossas Igrejas.

O irmão Roger e os primeiros irmãos reunidos em redor dele eram todos oriundos da Suíça. O Avivamento e o movimento ecuménico haviam dado impulsos importantes. Contudo, o exemplo de vida oferecido pelos irmãos de Taizé constituía uma novidade para as Igrejas reformadas da Suíça. Foi necessário ultrapassar as resistências. Seguidamente, as Igrejas da Suíça beneficiaram sobretudo do ânimo dado por Taizé na espiritualidade e na liturgia.

As nossas Igrejas reformadas reaprenderam o valor de uma vida comunitária em que as pessoas fazem a escolha de uma existência cristã comum centrada na espiritualidade e no compromisso social, na acção e na contemplação. Uma escolha que nada perdeu de pertinente na nossa época de individualismo exacerbado em que a falta de tempo e a agitação do mundo levam o ser humano a perder o que o move.

A acção do movimento de Taizé atravessou as fronteiras das Igrejas e das confissões, dos países e sistemas políticos, das línguas e das gerações. É com um grande reconhecimento que as Igrejas Protestantes da Europa se recordam do compromisso dos irmãos de Taizé na Europa do Leste e do Sudeste. Proclamaram o Evangelho com perseverança e trabalharam para a reconciliação entre o este e o leste.

Deus gratificou-vos com o dom de mostrar através do exemplo vivido, como uma parábola, como a reconciliação e a paz podem tornar-se realidade na vida pessoa, eclesial e social. Este dom partilharam-no generosamente. E as Igrejas protestantes da Europa estão-vos profundamente reconhecidas, a vós, irmãos de Taizé. É a Taizé que as Igrejas devem um dos principais impulsos à vida eclesiástica na Europa após a Segunda Guerra Mundial. O exemplo da comunidade de Taizé, e em particular a sua fidelidade na acção ao serviço dos jovens, é um estímulo que nos leva a renovação.

É para mim uma grande alegria, a título pessoal, de estar entre vós neste dia de alegria e de aniversário, mas, também, de silencioso recolhimento. O futuro de cada um de nós, da comunidade de Taizé e das nossas Igrejas baseia-se na promessa de nosso Deus misericordioso, como é expresso na primeira epístola de Pedro, no seguimento das palavras anteriormente citadas: «Confiai-lhe todas as vossas preocupações, porque Ele tem cuidado de vós» (1 Pedro 5, 7).


Igreja Protestante Unida de França, Pastor Laurent Schlumberger

Represento aqui a Igreja Protestante Unida de França, que, em 1940, se chamava Igreja Reformada de França, junto da qual nasceu a Comunidade de Taizé e na qual cresceu no seu começo. De igual forma, represento a «Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas» (CMIR).

É sabido que o irmão Roger nasceu e cresceu na tradição confessional reformada: é a sua situação espiritual de origem. É também conhecido que as relações entre o irmão Roger e a Igreja Reformada não foram sempre simples, os pioneiros fizeram quebrar as junções e construir horizontes para além dos que já estavam, por vezes, delimitados. De alguma forma, o irmão Roger partiu da Igreja Reformada. Não que tenha desistido: jamais renegou a sua família espiritual de origem. Contudo, partiu no sentido em que esse foi o seu ponto de partida, a partir do qual foi mais além. Abriu um caminho, uma aventura, de que a Igreja universal é beneficiária.

Hoje é um dia de acção de graças. Por que pode a família reformada, a Igreja protestante unida, estar reconhecida? Haveria tanto por dizer, especialmente a renovação da vida monástica no protestantismo, de que o irmão Roger, com outras comunidades aqui representadas, foi motor. Porém, quero apontar apenas uma palavra, a partir da qual expressamos o nosso reconhecimento, a palavra alargar:

- Alargar para além dos estreitamentos confessionais e geográficos. Para as Igrejas Reformadas, frequentemente ligadas à dimensão nacional ou geográfica, é um alargamento capital.

- Alargar pelo silêncio, porque o silêncio perante Deus é um alargamento particularmente importante para uma Igreja ou uma tradição que, por vezes, cultiva a inflação dos discursos.

- Alargar pela construção da unidade, porque a verdadeira unidade é sempre um alargamento.

No fundo, ainda primeiro do que um alargamento, o que o irmão Roger veio dar ao coração da sua própria família de origem é a exigência da catolicidade. É este reconhecimento, além de mil outros aspectos, que poderíamos ter e que desejo sublinhar.

Neste dia de aniversário, um aniversário virado para o futuro, a Deus a nossa gratidão por esta obra do irmão Roger. A ele toda a glória: Soli Deo gloria!


Igreja Sírio-Malancara Ortodoxa: Metropolita Geevarghese Mar Coorilose, Mumbai (Índia)

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Arcebispo Velho-católico de Utrecht, Dr Joris Vercammen

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Igreja Reformada Evangélica do Cantão de Vaud (Suíça)

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Venerável Hewon Sunim, Ordem Jogye, (Budista da Coreia)

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Última actualização: 7 de Setembro de 2015
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