TAIZÉ

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Mensagem do irmão Alois para a abertura do caminho sinodal em Roma

O irmão Alois foi convidado a falar no sábado, 9 de outubro de 2021, em Roma, na abertura do caminho sinodal da Igreja Católica, que durará dois anos, em torno do tema da sinodalidade. Aqui está o texto da sua intervenção.


Obrigado, Santo Padre, por ter convocado este Sínodo. Em Taizé tocou-nos muito o convite para a sua abertura. Obrigado também pela tradição de convidar delegados de outras igrejas. Será precioso ouvi-los falar sobre sua prática da sinodalidade, dos seus benefícios e dos seus limites.

Este processo sinodal ocorre num momento crucial em que constatamos duas evoluçoes contraditórias. Por um lado, a humanidade está mais consciente de que estamos todos ligados uns aos outros e ligados a toda a criação. Por outro lado, as polarizações agravam-se nos planos social, político e ético e provocam novas fracturas nas sociedades, entre os países e até dentro das famílias.

Infelizmente, entre as nossas Igrejas e dentro das nossas Igrejas, há diferenças que também tendem a tornar-se polarizações separadoras, ao passo que o nosso testemunho de paz seria vital.

Como promover a unidade dos cristãos? Recentemente, coloquei esta pergunta ao pastor Larry Miller, antigo Secretário-geral do Fórum Cristão Mundial. Ele respondeu: «Não é bom começar dizendo: ’É isto que nós somos e porque é que temos razão.’ Em vez disso, trata-se de reconhecer as nossas fraquezas e de pedir às outras igrejas que nos ajudem a receber o que nos falta - ou seja, um ecumenismo receptivo, que nos permite acolher o que vem dos outros.» Não estará este pastor a ver bem? Todos levamos o tesouro de Cristo em vasos de barro e talvez ele brilhe ainda mais quando reconhecemos humildemente o que nos falta.

Dentro da própria Igreja Católica, o sínodo vai salientar grandes diversidades. Estas diversidades serão tão fecundas quanto mais a procura da comunhão se aprofundar simultaneamente. Não para evitar ou ocultar conflitos, mas para alimentar um diálogo que reconcilie.

Para promovê-la, parece-me desejável que haja, no caminho sinodal, momentos de respiração, como paragens para celebrar a unidade já realizada em Cristo e torná-la visível.

A este respeito, Santo Padre, visto que nos convidou a sonhar, gostaria de partilhar um sonho. Será que seria possível que um dia, durante o processo sinodal, não só os delegados, mas o povo de Deus, não só os católicos, mas os crentes das várias Igrejas, fossem convidados para um grande encontro ecuménico? Pelo baptismo e pela Sagrada Escritura, somos irmãs e irmãos em Cristo, unidos numa comunhão ainda imperfeita mas muito real, mesmo quando as questões teológicas permanecem sem resposta.

Um encontro assim - aqui em Roma e ao mesmo tempo noutras partes do mundo - teria no centro uma celebração sóbria de escuta da Palavra de Deus, com um longo momento de silêncio e uma intercessão pela paz. Será que poderiam ser jovens a animá-la? E poderia essa celebração prolongar-se com tempos de partilha intercofessionais? Descobriríamos que, estando unidos em Cristo, nos tornamos artesãos de paz.

A nossa experiência em Taizé incentiva-me a fazer esta proposta. Na nossa Comunidade, vindos de várias denominações, vivemos sob o mesmo tecto. Há mais de sessenta anos, acolhemos jovens de diversas Igrejas ou simplesmente em busca do sentido das suas vidas. Longe de nos pormos de acordo num mínimo denominador comum, somos constantemente instados a ir à fonte do Evangelho, a Cristo Ressuscitado que, por meio do Espírito Santo, nos conduz juntos ao Pai de todos os seres humanos, sem exceção.

Fotografia: Tilen Čebulj

Transmissões de Taizé na Semana Santa e na Páscoa

Nesta página, transmitimos as várias publicações feitas nas redes sociais de Taizé durante a Semana Santa e no dia de Páscoa.

As meditações têm legendas em português (clicar na roda dentada, selecionar legendas e português).

Como habitualmente, a leitura breve do dia também está disponível nesta página do site e a oração escrita pelo irmão Alois para a oração do meio-dia é publicada todos os dias em francês e em ingês.

Domingo de Ramos

Fotografias da oração junto à fonte de Santo Estevão, perto do lago


Meditação do dia | ir. Stephen


Segunda-feira Santa

Meditação do dia | ir. Gabi


Oração do meio-dia


Terça-feira Santa

Meditação do dia | ir. Frank


Oração do meio-dia


Quarta-feira Santa

Meditação do dia | ir. Sébastien


Oração do meio-dia


Quinta-feira Santa

Meditação do dia | ir. Jean


Oração do meio-dia, com o lava-pés


Programa especial animado por jovens voluntários


Sexta-feira Santa

Meditação do dia | ir. Clare


Oração do meio-dia, com a procissão da cruz


Programa especial animado por jovens voluntários


Sábado Santo

Meditação do dia | ir. Andras


Oração do meio-dia


Programa especial animado por jovens voluntários


Domingo de Páscoa

Eucaristia de Páscoa


Programa especial animado por jovens voluntários


Irmão Sylvain (1933-2021)

Na terça-feira, 2 de Fevereiro, o irmão Sylvain faleceu pacificamente. Esteve em boa forma até ao último dia, em que jantou com os irmãos e, durante a refeição, sentiu-se mal. Morreu de repente. Tinha 87 anos.

A celebração em sua memória teve lugar na sexta-feira 5 de Fevereiro ao meio-dia na Igreja da Reconciliação em Taizé.


 [1]

Oração do irmão Alois

Louvado sejais, Deus de todos os humanos, pelo nosso irmão Sylvain, pela longa vida que lhe deste na terra e pela sua presença humilde e discreta entre nós.

Ao longo da sua vida, apoiaste-o pelo Espírito Santo, mesmo ainda muito jovem quando perdeu a sua mãe e teve de assumir responsabilidades para ajudar a sua irmã e o seu irmão. Aprendeu a manter, inclusivamente nas provações, um temperamento alegre e um grande sentido de humor, irradiando um espírito de fé naqueles que colocaste no seu caminho.

Agradecemos-te por tê-lo acompanhado especialmente durante os quarenta anos em que ele viveu com irmãos em fraternidades nas Filipinas, no Japão e na Coreia. Com eles e como eles, por causa de Cristo e do Evangelho, procurou estar próximo dos mais vulneráveis e criar, com grande simplicidade, pontes entre diferentes culturas e diferentes rostos da humanidade.

Concedeste-lhe nascer numa antiga família Huguenote, nas montanhas de Ardèche. Foi a partir destas raízes que ele desenvolveu um profundo amor pela Sagrada Escritura e pelas histórias bíblicas: elas alimentaram a sua vida interior e, com os seus dons artísticos, soube representá-las nos seus desenhos e também na bela decoração da catedral de Oran.

Damos-te graças, Deus vivo, por lhe teres concedido uma morte pacífica e por o acolheres agora junto de ti.

 [2]

Advento

  • Em frente à igreja da Reconciliação, ao longo da rua que atravessa Taizé, foi preparado um presépio, como todos os anos. Vai evoluir em cada semana, até ao Natal.


  • Em cada semana do Advento, será publicada uma reflexão bíblica em linha, no canal YouTube de Taizé, com legendas em português.

  • A oração que o irmão Alois diz cada dia na oração do meio dia está disponível em linha nesta página em francês, inglês e alemão.

Fevereiro 2018

Notícias dos migrantes acolhidos em Taizé

Desde 2015 que a Europa atravessa uma crise migratória nunca antes conhecida. Perante este desafio, e apoiada pela generosidade de diversos vizinhos, a comunidade não pára de abrir as suas portas para acolher migrantes.

Os centros de acolhimento e de orientação

Em novembro de 2015, para acolher migrantes vindos de Calais, foi aberto em Taizé um CAO (Centro de Acolhimento e de Orientação). Este lugar pôde acolher treze jovens com idades compreendidas entre os 19 e os 40 anos, todos muçulmanos, originários do Sudão e do Afeganistão. Nove deles obtiveram o estatuto de refugiado e hoje trabalham ou seguem formações profissionais na região circundante de Taizé. Um deles, viúvo, tinha um filho de 13 anos no Sudão; quando o irmão Alois visitou esse país, no ano passado, trouxe a este pai a criança que agora está escolarizada e cujo pai trabalha numa fundição da região.

Em novembro de 2016, a comunidade abriu um CAOMI (centro de acolhimento e de orientação para menores), a fim de aí albergar provisoriamente dezoito jovens declarados menores em Calais que pretendiam ir para Inglaterra. Sete desses jovens decidiram ficar em Taizé de maneira a formalizar os procedimentos de pedido de asilo. Um deles está hoje num centro educativo perto de Taizé e quatro refugiados vivem ainda na aldeia, mas estão tentar instalar-se autonomamente na região.

As famílias

Nos últimos anos, a comunidade acolheu também quatro famílias refugiadas do Iraque e da Síria. Depois de alguns meses em Taizé, que lhes permitiram reencontrar alguma autonomia e uma boa integração em França, duas dessas famílias foram instalaram-se fora, guardando com a comunidade uma relação quase familiar.

Aguardando proteção

No último mês de Setembro, a comunidade acolheu três jovens migrantes com idades compreendidas entre os 20 e os 28 anos, vindos do Sudão do Sul e do Sudão. Estes jovens não sabem ainda se poderão ou não pedir asilo em França, devido ao Regulamento de Dublin. Enquanto esperam, e como não têm autorização para trabalhar, aprendem francês, empenham-se em obras de voluntariado e participam em encontros temáticos acerca das causas e das dificuldades do seu percurso migratório.

Apadrinhados por famílias

Cada jovem migrante acolhido em Taizé é acompanhado por uma família da região. Através de simples visitas regulares à sua família de apadrinhamento, os jovens caminham em direcção a uma boa integração na cultura francesa e recebem um apoio inestimável. Recentemente, um dos jovens refugiados dizia: «A Françoise trata de mim ainda melhor do que uma mãe trataria o seu próprio filho!»

Aulas de francês

Quando a comunidade abriu as suas portas aos jovens vindos de Calais, manifestou-se imediatamente uma onda de generosidade vinda dos habitantes da região. Hoje em dia são propostas aulas de francês quatro dias por semana, na Junta de Freguesia de Taizé, e uma dezena de voluntários reveza-se para oferecer esses cursos. Christine, professora de francês para estrangeiros escreve: «O meu grande espanto e o meu enorme prazer é constatar a motivação destes pedintes de asilo e o seu empenho em estudar francês, apesar de todas as suas outras preocupações». Aos três migrantes a quem são concedidas as aulas de francês actualmente juntaram-se mais uma dezena de estrangeiros que vivem na região e que beneficiam assim da qualidade destas aulas.

Intercâmbios

Os migrantes acolhidos em Taizé foram convidados a animar um dia de reflexão acerca das migrações, no Liceu São José em Chateaubriant, na Bretanha. Em Novembro de 2017, três deles foram lá e os alunos do Liceu ficaram impressionados com a história destes jovens que atravessaram o deserto do Sahara, o inferno da Líbia e o mar Mediterrâneo. Os migrantes também ficaram impressionados com a qualidade de escuta e com a maturidade destes alunos.

Em Taizé, os migrantes participam por vezes nos ateliês temáticos propostos aos peregrinos, onde podem partilhar os seus percursos e a suas motivações.

No Parlamento Europeu

Em Janeiro de 2018, um grupo de jovens migrantes visitou o Parlamento Europeu. Num encontro com o Comissário Europeu das Migrações, com deputados europeus de diferentes países e de diferentes partidos e com o Director geral do OFPRA (Gabinete francês para a protecção dos refugiados e apátridas), os migrantes puderam falar acerca da sua experiência de acolhimento na Europa e das suas respectivas situações: refugiados com estatuto, requerentes de asilo, migrantes em situação de espera devido aos acordos de Dublin, menores isolados à espera de reconhecimento de menoridade ou cuja menoridade não foi reconhecida…

Um deputado europeu enviou-nos imagens dessa visita, filmadas por Cláudio Cutanelli, acerca da problemática dos acordos de Dublin:

Para ver um clip maior acerca desse encontro clique aqui.

Voluntariado

Os migrantes acolhidos em Taizé sempre ficaram felizes por poderem ajudar e por se sentirem úteis fazendo algo pelos outros. Recuperam dignidade quando podem dar um pouco de si próprios.

A Edith, tesoureira da equipa da Cáritas de Cluny, escreve que «três jovens migrantes são voluntários e vêm dar uma grande ajuda nas campanhas. Participaram em diversas actividades, tais como tomar conta de um pequeno stand, e na organização da grande refeição anual, durante a qual foram congratulados por todos os participantes pela qualidade do seu empenho.»

Os migrantes também gostam de fazer voluntariado junto dos jovens peregrinos que visitam a comunidade. O Gonçalo, um jovem português, escrevia recentemente: «Trabalhar com três jovens migrantes foi uma experiência única. Integraram-se muito bem na nossa equipa e partilhámos juntos alguns aspetos da nossa cultura e da deles. Falaram-nos acerca da sua experiência de vida e da sua procura de paz.»

No Verão passado, muitos jovens responderam ao pedido de solidariedade para com os migrantes e trouxeram ofertas para Taizé. Três jovens migrantes partiram com a Orsi, uma voluntária, para Calais em Novembro para entregar à Cáritas local sacos-cama, gel de banho, champôs, pastas e escovas de dentes. Ficaram hospedados duas noites na casa Maria Skobtsova, onde as portas estão sempre abertas aos exilados mais vulneráveis. A Orsi escreveu: «Os nossos três amigos de Taizé conheciam bem a miséria pelo facto de a terem encontrado durante a sua viagem por vários países, pelo deserto e pelo mar Mediterrâneo, e compreenderam bem as dificuldades que os jovens de Calais atravessam.»

Basileia 2017

Ecos do Encontro nas redes sociais

Nas redes sociais

Notícias diárias, links importantes, fotografias e testemunhos de jovens são publicados nas seguintes redes sociais:

Todos aqueles que publicam fotografiass ou ecos do Encontro são convidados a fazê-lo usando o hashtag #Taize.


As orações em streaming

- * A equipe de mídia gostaria de organizar uma transmissão em directo da oração da noite, mas precisa de material e de boa vontade. Se participar no Encontro e achar que pode ajudar, entre em contato connosco por e-mail.
- * A rádio RCF transmitirá orações da noite em directo..


No site de Taizé



Eis alguns exemplos de conteúdos partilhado nos últimos meses nas várias redes sociais de Taizé.

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Março de 2016

Artigo do irmão Alois

O irmão Alois escreveu um artigo sobre a questão dos refugiados na Europa, que foi publicado em vários jornais europeus.

Lista dos jornais que publicaram o artigo:

  • Magyar Nemzet (Hungria)
  • Dennik N (Eslováquia)
  • Lidove noviny (República Checa)
  • Przewodnik Katolicki (Polónia)
  • La Croix (França)
  • La Libre Belgique (Bélgica)
  • Nederlands Dagblad (Holanda)
  • Church Times (Inglaterra)
  • Avvenire (Itália)
  • Público (Portugal)

Perante as migrações, ultrapassemos o medo!

No mundo inteiro, há homens, mulheres e crianças que são obrigados a deixar a sua terra. A angústia que vivem cria neles a motivação de partir. E esta motivação é mais forte que todas as barreiras erguidas para lhes impedir o caminho. Posso dar testemunho disso por ter passado recentemente alguns dias na Síria. Em Homs, a extensão das destruições causadas pelos bombardeamentos é inimaginável. Uma grande parte da cidade está em ruínas. Vi uma cidade fantasma e ressenti o desespero dos habitantes do país.

Hoje são os Sírios que afluem à Europa, amanhã serão outros povos. Os grandes fluxos migratórios a que assistimos são invencíveis. Não nos apercebermos disso seria uma demonstração de miopia. Procurar regular estes fluxos é legítimo e mesmo necessário, mas querer impedi-los construindo muros de arame farpado é absolutamente inútil.

Perante esta situação, o medo é compreensível. Resistir ao medo não significa que este deva desaparecer, mas sim que não devemos deixar que nos paralise. Não permitamos que a rejeição do estrangeiro se introduza nas nossas mentalidades, pois recusar o outro é o germe da barbárie.

Numa primeira etapa, os países ricos deveriam tomar uma consciência mais clara de que têm a sua parte de responsabilidade nas feridas da História que provocaram e continuam a provocar imensas migrações, nomeadamente de África ou do Médio Oriente. E, hoje, algumas escolhas políticas permanecem fonte de instabilidade nestas regiões. Uma segunda etapa deveria levar estes países a ir além do medo do estrangeiro e das diferenças de culturas, colocando-se corajosamente a moldar o novo rosto que as migrações já dão às nossas sociedades ocidentais.

Em vez de ver no estrangeiro uma ameaça para o nosso nível de vida ou a nossa cultura, acolhamo-lo como membro da mesma família humana. E assim compreenderemos que, apesar de criar certamente dificuldades, o afluxo de refugiados e de migrantes também pode ser uma oportunidade. Estudos recentes mostram o impacto positivo do fenómeno migratório, tanto para a demografia como para a economia. Porque será que tantos discursos salientam as dificuldades sem dar valor ao que há de positivo? Os que batem à porta dos países mais ricos que o seu levam estes países a tornar-se solidários. Será que não os ajudam a tomar um novo impulso?

Gostaria de situar aqui a nossa experiência de Taizé. É humilde e limitada, mas muito concreta. Desde Novembro do ano passado, em colaboração com as autoridades e algumas associações locais, acolhemos em Taizé onze jovens migrantes do Sudão – a maioria deles do Darfur – e do Afeganistão, vindos da «selva» de Calais. A sua chegada despertou uma impressionante vaga de solidariedade na nossa região: há voluntários que vêm ensinar-lhes francês, médicos que os tratam gratuitamente, vizinhos que os levam a fazer passeios e a dar voltas de bicicleta… Rodeados por tanta amizade, estes jovens, que atravessaram acontecimentos trágicos nas suas vidas, estão aos poucos a reconstruir-se. E este contacto simples com muçulmanos muda o olhar das pessoas que os encontram.

Na nossa aldeia, os jovens também foram acolhidos por famílias de vários países – Vietnam, Laos, Bósnia, Ruanda, Egipto, Iraque – que chegaram a Taizé ao longo de décadas e que fazem hoje parte integrante do nosso ambiente. Todos eles conheceram grandes sofrimentos, mas trazem à nossa aldeia muita vitalidade graças à riqueza e à diversidade das suas culturas.

Se uma experiência destas é possível numa pequena região, porque não haveria de ser numa escala muito mais ampla? É um erro pensar que a xenofobia é o sentimento mais partilhado, muitas vezes o que há é muita ignorância. Assim que os encontros pessoais se tornam possíveis, os medos dão lugar à fraternidade. Esta fraternidade implica pormo-nos no lugar do outro. A fraternidade é o único caminho de futuro para preparar a paz.

Assumindo juntos as responsabilidades exigidas pela vaga de migrações, em vez de brincarem com os medos, os responsáveis políticos poderiam ajudar a União Europeia a reencontrar uma dinâmica entorpecida.

Há toda uma jovem geração europeia que aspira a esta abertura. Nós, que acolhemos há muitos anos, na nossa colina de Taizé, dezenas de milhares de jovens de todo o continente para encontros internacionais de uma semana, podemos constatar isso mesmo. Aos olhos destes jovens, a construção europeia apenas encontra o seu verdadeiro sentido mostrando-se solidária com os outros continentes e com os povos mais pobres.

Há muitos jovens europeus que não conseguem compreender os seus Governos quando estes manifestam vontade de fechar as fronteiras. Pelo contrário, estes jovens pedem que a uma mundialização da economia seja associada uma mundialização da solidariedade e que esta se expresse em particular através de um acolhimento digno e responsável dos migrantes. Muitos destes jovens estão dispostos a contribuir para esse acolhimento. Ousemos acreditar que a generosidade também tem um papel importante a desempenhar na vida urbana.

Uma horta solidária em Taizé

Nestes últimos anos, os encontros internacionais em Taizé e noutros lugares em todos os continentes têm procurado aprofundar a procura de novas formas de solidariedade na sociedade de hoje. A nossa atenção para com a Criação é um destes aspectos. Como o irmão Alois escreveu aos jovens numa das suas recentes propostas, «a terra pertence a Deus; os seres humanos recebem-na como um dom. Uma enorme responsabilidade recai sobre nós: cuidar do planeta, para não desperdiçar recursos. A terra é limitada e os seres humanos devem também admitir estes limites.»


Um fruto desta reflexão – muito humilde, mas concreto – foi a criação de uma «horta solidária» em Taizé.

Jovens, juntamente com um irmão, revezam-se semana após semana para trabalhar a terra desta horta. Os legumes colhidos são doados a associações de caridade, que organizam a sua distribuição em diferentes terras perto de Taizé.

O irmão Alois passou o Natal na Síria

Na véspera de começar o Encontro Europeu de Valência, o irmão Alois chegou a Espanha directamente da Síria. Passou o Natal em Homs, junto dos que sofrem por causa da violência numa cidade em ruínas. Antes tinha estado uns dias em Beirute, com dois irmãos que lá estão há dois meses, visitando refugiados.

Na segunda-feira à noite, o irmão Alois vai falar da sua viagem ao Médio Oriente durante a sua primeira meditação dirigida aos jovens participantes no Encontro Europeu.

A Semana Santa em Taizé

Domenico (Itália)

No domingo de manhã, debaixo de um céu nublado, peregrinos de confiança de diferentes idades e nacionalidades reuniram-se junto à Fonte de Saint-Etienne. Os irmãos chegaram carregando ramos para celebrar a tradicional oração de Domingo de Ramos. Foi uma grande alegria orar e cantar debaixo das árvores a florir da Borgonha. Mais tarde, a procissão teve início na Fonte até à Igreja, com mais de cerca de mil pessoas em fila, rezando juntas ao Senhor, a uma só voz. Chegados à Igreja, começou a Eucaristia com a sua típica polifonia de línguas. À tarde grupos de jovens oriundos da Alemanha e de Portugal e de muitos outros países chegaram a Taizé. Vão passar uma semana de oração e de grande alegria, envoltos no espírito de solidariedade. Esta é a semana mais importante do ano para todos nós e nós vamos celebrá-la em comunhão e simplicidade, esperando a Ressurreição de Cristo.
 
É a primeira vez que vejo a colina vestida de inverno.
Tudo parece bem diferente mas é possível sentir a magia única deste lugar. A chuva está frequentemente connosco, acompanhada de um vento ligeiro. As árvores estão despidas e sinto que elas mal podem esperar para usar as suas roupas de verão, enquanto algumas flores brancas começam já a dar as boas vindas aos peregrinos. À volta da igreja os meus olhos reencontram muitas caras conhecidas. A Semana Santa parece-me ser um tempo em que as pessoas, cuja vida foi profundamente influenciada por Taizé, voltam para sintonizar as suas almas e os seus corações ao diapasão da palavra de Deus. É possível ver isso durante a oração: toda a gente canta, desde o início até ao final da igreja e eles cantam durante horas e horas a fio. Podemos mesmo sentir que todas estas pessoas partilham algo, a sua fé e a alegria de um momento de diálogo rico e de reflexão.

Uma fotografia

Conferência de Quaresma em Paris

Domingo 8 de Março, o irmão Alois fez uma conferência de Quaresma na Notre-Dame de Paris, sobre o tema: «Uma vida que se torna sinal». O texto está disponível em francês no site da Diocese de Paris.

Recomeçaram os grandes encontros de jovens

Depois de um período mais calmo, como é habitual durante o Inverno, recomeçaram em Taizé os grandes encontros de jovens. Nestas duas últimas semanas, sucederam-se na colina mais de 3000 jovens, sobretudo grupos de escolas francesas e portuguesas, mas vieram também jovens da república Checa, da Coreia, dos Estados Unidos (entre eles, 30 de Nova Iorque), etc. Os maiores grupos franceses vieram de Toulouse, Saint-Denis e Lyon. Os bispos de Angers e Rodez vieram a acompanhar os jovens. Estão em Taizé esta semana mais de 1000 portugueses, com grandes grupos das dioceses de Santarém, Viseu e Aveiro e também alguns jovens de Lisboa, do Porto e de Coimbra.

No primeiro dia da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, no dia 18 de Janeiro, teve lugar em Taizé, na Igreja da Reconciliação, uma oração, na presença do bispo de Autun e do Pastor de Chalon-sur-Saône. Como o tema dessa semana tinha sido preparado por cristãos brasileiros, dois irmãos que viveram neste país animaram um ateliê sobre a vida na fraternidade de Alagoinhas.

Duas semanas mais tarde, no final do pequeno conselho anual da Comunidade, os irmãos passaram uma bela tarde em Chalon-sur-Saône, com uma oração numa igreja do centro da cidade e uma visita à comunidade muçulmana: foi importante viver aquele encontro e fazer a experiência do acolhimento caloroso do imã e dos crentes reunidos nesse sábado à tarde.

Ecos dos encontros


O Pasteur Laurent Schlumberger, presidente da Igreja Protestante Unida de França, esteve em Taizé para uma curta visita pessoal. Animou um ateliê sobre as consequências dos recentes acontecimentos trágicos em Paris. O Robin, um jovem francês, escreveu depois deste ateliê:

Os acontecimentos trágicos de Paris tocam-nos como homens, como crentes e como cristãos. A nossa partilha aprofundou a reflexão e abordou várias questões. Enquanto homens, ficamos chocados perante a violência e o medo. Enquanto crentes, a nossa solidariedade é total para com todos os muçulmanos que não se reconhecem nestes actos e que procuram, pelo testemunho da sua vida, mostrar que Deus é apenas amor. Finalmente, enquanto cristãos, temos uma sensibilidade muito especial perante a blasfémia e a caricatura. Jesus Cristo caricaturava a sociedade do seu tempo com as suas parábolas, foi julgado e condenado à morte por blasfémia, «porque se fez Filho de Deus» (João 19.7).
 
Depois das grandes manifestações de 11 de Janeiro, podemos ver, para lá da defesa da liberdade de expressão, um desejo de unidade e de diálogo. Numa sociedade com falta de referências e desamparada perante a violência, será que os cristãos não têm um papel nesta procura comum de fraternidade no seio da família humana? Será que ousamos dialogar com aqueles que nos estão próximos e também com os membros das comunidades muçulmanas que existem perto de nós?