«Durante a I Guerra Mundial, começou a Revolução de Outubro na Rússia. Os comunistas tomaram o poder e a Rússia retirou-se da guerra. A Letónia, juntamente com outros Estados Bálticos, declarou a sua independência em 1918, mas só em 1921, depois de uma guerra, é que foi reconhecida.
O reconhecimento da Letónia como uma República significou que o país encontrou o seu lugar no mapa do mundo pela primeira vez em 1921. Karlis Ulmanis, um herói da luta pela independência, tornou-se Primeiro-Ministro e promoveu um sistema de democracia parlamentar. Ele passou a ocupar vários cargos ministeriais. Em 1934, suspendeu a Constituição e declarou-se Presidente nacionalista do país. O regime era autoritário, onde o culto da personalidade desempenhava um papel importante.
No tempo do pacto Molotov-Ribbentrop entre a Alemanha Nazi e a União Soviética, os Estados Bálticos foram colocados na zona de influência soviética. Em 1940, os soviéticos invadiram a Letónia e a 25 de Março de 1941, deram-se as primeiras deportações em massa para a Sibéria. Mais tarde, em Julho de 1941, os Nazis quebraram o pacto e tomaram os Estados Bálticos.
No início da II Guerra Mundial, a população Letã rondava os 2 milhões, mas no decorrer da guerra, aproximadamente, 200.000 perderam a vida. Havia uma grande população de Judeus e cerca de 75.000 morreram também. Em 1944, o país foi novamente ocupado pelos Soviéticos e cerca de 250.000 pessoas saíram da Letónia. No final da II Grande Guerra, os países Ocidentais, desejando apaziguar a União Soviética, devolveram cerca de 80.000 Letões aos Soviéticos. O país perdeu, portanto, um terço da sua população em 10 anos. As feridas permanecem. Aqueles de quem se pensava serem amigos, muitas vezes traíram ao longo da História.
A partir de 1945, havia também uma imigração enorme de Russos, Ucranianos e Bielorrussos. Muitos vieram em boa fé, tendo-lhes sido oferecido uma vida melhor e trabalho em fábricas acabadas de abrir. Vieram, ou foram enviados, para ajudar no progresso da União. Mas era também política oficial tentar, e garantir, que os Letões não eram a maioria no seu próprio país. Foi quase um sucesso.
A 20 de Junho de 1945, deu-se a segunda deportação em massa de Letões para a Sibéria. No total, cerca de 150.000 foram enviados para os gulags, campos de trabalho forçado na Sibéria, entre 1945 e 1952. Sandra Kalniete, antiga ministra do estrangeiro da Letónia, nasceu num destes campos. A sua autobiografia «Com Sapatos de Dança nas Neves da Sibéria», conta a história da sua família, que foi deportada e só pode voltar à Letónia nos anos 50.
Em 1989, apenas 52% da população era de etnicidade Letã, o resto provinha de outros países. Os Letões quase não estavam em maioria.
Com a Glasnost e a Perestroika na União Soviética e as mudanças na Europa de Leste, os Estados Bálticos expressaram o seu desejo por uma nova independência. Em 1988, formaram uma cadeia humana entre Tallinn e Vilnius, passando pela Letónia, colocando em movimento a Revolução Cantada. Nestes países onde canções tradicionais tiveram sempre um papel importante, organizações musicais levavam as pessoas a unirem-se e davam-lhes fortalecimento.
A Letónia declarou a sua independência a 4 Maio 1990, mas só foi restaurada a 21 Agosto 1991 com a queda da União Soviética depois da tentativa de golpe. Na cidade velha de Riga, perto da Catedral Católica, pode-se observar o monumento aos manifestantes mortos pelo Exército Vermelho.
O Dia Nacional celebra-se a 18 de Novembro, data original da declaração da independência da Letónia, uma maneira de exprimir que a Ocupação Soviética foi ilegal, como se nunca tivesse existido e que a primeira declaração de independência se mantém válida.
Em 1990, a população rondava 2.7 milhões, mas hoje em dia é menos de 2 milhões. Os Letões continuam a deixar o seu país, agora maioritariamente por questões económicas, para irem para o Reino-Unido, Irlanda, EUA, Austrália,... No interior do país, encontram-se muitas vezes os avós com os netos mais novos. Os pais e jovens ou crianças mais velhas deixaram o país.
No último censo concluiu-se que 62% da população é Letã, 25% é de origem Russa e Ucranianos, Bielorrussos, Polacos e Lituanos estão entre 2% e 3% cada.
Nas maiores cidades, existe um grande número de habitantes que falam Russo. Quase 1 milhão de pessoas vive em Riga e cerca de metade destes são de origem Russa. Daugavpils, em Latgale, região maioritariamente Católica, é a segunda maior cidade do país. Em 100.000 habitantes, 78,8% falam Russo. Hoje em dia, os jovens de origem Russa aprendem Letão e a maior parte deles tem nacionalidade Letã.
35% da populção é Luterana, 24% é Católica, 18% é Ortodoxa Russa e há ainda, com percentagens mais pequenas, quem pertença à União Cristã da Letónia Luterana, à Igreja Baptista e à Igreja Pentecostal.
Em Riga existia o único seminário Católico da União Soviética, fora da Lituânia, o que levou a que todos padres Católicos das outras repúblicas passassem pela cidade. As duas maiores igrejas em Riga foram transformadas em grandes salas de concertos e museus. A Catedral Luterana foi devolvida à Igreja Luterana, mas ainda é utilizada como sala de concertos. A Igreja de S. Pedro ainda é um museu. A Catedral Ortodoxa foi convertida num planetário durante o período Soviético e todas as Igrejas sofreram uma grande repressão neste tempo da História.
A Letónia faz parte da União Europeia desde 2004 e a partir do dia 1 Janeiro 2014 adoptou o Euro como moeda única.
Tudo isto dá-nos um pouco de informação para o nosso Encontro Europeu. Ao longo de todas as suas dificuldades para existir, para sobreviver a ocupações e políticas hostis, este pequeno país conseguiu preservar uma cultura rica e autêntica. Sendo uma parte integral da Europa, os Letões vivem com o seu passado, mas estão justamente orgulhosos de tudo o que conseguiram alcançar nos últimos 25 anos. As Igrejas e as pessoas da Letónia estão a preparar uma recepção calorosa e há tanto que podemos receber deles. Somos chamados a escutar e a dar apoio.»