TAIZÉ

Encontro Ibérico

Diário de bordo

 
Nesta página, testemunhos de jovens apresentam alguns ecos do Encontro do Porto e da sua preparação.

Ao encontro das fontes da alegria!

Oração de envio – paróquia da Portela (Lisboa)

No domingo antes da partida para o Porto, reuniram-se alguns jovens que se preparavam para dar mais um passo na sua «peregrinação de confiança». A Igreja de Cristo-Rei da Portela em Lisboa encheu-se de luz e brilho para receber todos os que queriam, na simplicidade de uma oração, em volta da cruz, acolher Cristo na sua Palavra e no silêncio. Foi um momento único, em que o Amor de Cristo, com a ajuda de alguns dos cânticos que encherão o Porto de alegria, se fez sentir e o silêncio transportou os jovens para o que poderiam vir a encontrar na semana seguinte. Terminada a oração, seguiu-se uma descontraída reunião para informações práticas e esclarecimento de dúvidas acerca do encontro, enquanto que os demais que assistiram à oração foram acolhidos com bolo e chá.

É bonito ver como o laranja de Taizé atrai todo o tipo de pessoas. Apesar de ter sido uma oração de envio, foi também divulgada e aberta a todos os quisessem vir. Foi um encanto ver que os bancos da Igreja se iam enchendo de pessoas de todas as idades, e que, desde o mais novo ao mais velho, todos estavam lá pelo mesmo: para receber Cristo através da oração.

Marta Campelo (de Lisboa), 8 de Fevereiro de 2010

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A oração diária

Todas a noites têm-se reunido dezenas de jovens e adultos da cidade do Porto, juntamente com dois irmãos de Taizé, na Igreja São José das Taipas, para rezarem juntos: as leituras, o silêncio e as músicas de Taizé cantadas em português espanhol ou latim, ajudam-nos a entrar na atmosfera do Encontro Ibérico.

Igor (25 anos), Itália, 9 de Fevereiro de 2010

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Uma surpresa

A preparação do Encontro tem sido uma surpresa. Na minha paróquia apenas 3 pessoas conheciam Taizé. Com as orações duas vezes por mês, rapidamente se encheram as várias capelas.

Foi importante trazer a novidade de Taizé a mais gente. Desde a preparação das orações, aos ensaios dos cânticos, até o convívio depois de cada reunião, tudo tem contribuído para nos unirmos. Algumas pessoas não se viam há muitos anos. Outras eram vizinhas e não se conheciam. E assim tem acontecido Taizé.

Ana (24 anos), Valongo, 10 de Fevereiro de 2010

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Um apelo a uma fé mais profunda e empenhada

Recordo-me bem da primeira oração de Taizé na Igreja de S. José das Taipas. Lembro-me do sentimento inicial de algum desconforto face a um espaço novo e diferente do que era usado até aí, ao qual já nos tínhamos habituado. Lembro-me também de como o interior da Igreja nos parecia enorme, face à quantidade de pessoas que algo timidamente se mudaram também para aquele espaço, mas permanecendo fiéis à sua vontade de ali se encontrarem com Deus e com os outros nesta forma de oração. O espaço sem bancos foi também ele aumentando, fomos «fixando» os cantos à casa, e com o tempo, a Igreja de S. José das Taipas tornou-se o «nosso» cantinho de Taizé. Veio depois o anúncio do Encontro Ibérico, e ao fim da segunda oração de preparação, aquela «enorme» Igreja das Taipas revelou-se afinal tão pequena para a quantidade de pessoas que chamadas a viver as Fontes da Alegria, responderam com a vontade de ajudar, de participar, de viver a alegria e a fé em Jesus Cristo.

Tanto os momentos fortes de oração vividos neste espaço desde Outubro, com tanta e tanta gente que os viveu inclusive de pé e à porta da Igreja por não haver mais espaço, como a própria azáfama que se apossou de todos aqueles que por ali passaram, envolvidos na preparação de diversas actividades, foram acima de tudo um sinal do fermento que a mensagem de Taizé continua a transmitir aos cristãos empenhados em renovar a sua fé. A Igreja das Taipas tornou-se, nos últimos meses, um ponto de encontro de cristãos de diferentes paróquias, dioceses, países, e até credos religiosos, ao que sei. Tal como outros locais onde decorreu a preparação do Encontro, tornou-se um exemplo da universalidade e actualidade presentes no apelo a uma fé em Cristo mais profunda e empenhada.

Francisco, Porto, 11 de Fevereiro de 2010

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A atmosfera agitada e alegre...

Mais e mais pessoas estão a vir cada tarde à oração em São José das Taipas, um sinal de que o desejo que a cidade tem pelo encontro está a crescer; os jovens preparam-se para o acolhimento de amanhã: depois da oração, na sacristia, preparam mapas com entusiasmo e alegria. A atmosfera agitada e alegre, na sacristia e fora da igreja, reflectem a sua fé e o seu desejo de comunhão com outros. Enquanto cantávamos o Pai-Nosso, alguns começaram a dar as mãos: mesmo sem saber de cor as palavras em português, senti-me em comunhão com os que estavam à minha volta. Acho que o encontro vai ser verdadeiramente marcado por esta alegria e esta comunhão entre as pessoas.

Igor (Itália) 12 de Fevereiro de 2010

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Um grande sorriso deu-nos as boas-vindas à Cidade Invicta

Este dia passou-se num instante. Tão depressa estava ansiosamente à espera que a camioneta chegasse, como à volta da cruz em oração.

O dia começou cedo… Às 8h da manhã já estávamos de saída de Lisboa. Chegados ao Porto, um grande sorriso deu-nos as boas-vindas à Cidade Invicta. A disponibilidade e simpatia da equipa de preparação fez com que todo o processo do acolhimento se tornasse fácil e eficaz.

Já tudo tratado no Dragão-Caixa, que parecia cada vez mais cheio de jovens, seguimos para as paróquias de acolhimento. Ao longo da viagem de metro, íamos vendo vários cartazes com nomes de paróquia. Chegados à paragem de Ramalde, esperava-nos também um. O acolhimento na igreja foi fantástico. Fascinou-me a vontade de acolher dos paroquianos. Um casal muito simpático acolheu-me a mim e a mais duas raparigas na sua casa e deixou-nos tão à vontade que nos sentimos quase em casa.

De volta ao Dragão, o fórum musical encheu o pavilhão de gente e de alegria com músicas que chamavam passinhos de dança. Seguiu-se o jantar e logo a seguir a tão esperada oração. É sempre uma delicia voltar a deixar tudo o que somos, tudo o que temos que nos perturba na cruz.

Agora já é tarde e escrevo com música clássica e uma bela conversa como fundo. A nossa família de acolhimento torna-se cada vez mais interessante e apetece ficar a noite toda na conversa… Mas o cansaço é mais forte e amanhã será outro grande dia.

Marta Campelo (de Lisboa), 13 de Fevereiro de 2010

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Acabo o dia com uma enorme vontade de rever a minha vida

«Estar próximo das pessoas já é viver o Evangelho»: foi esta a frase, retirada da meditação do irmão Alois, que guiou o meu dia. Através do grupo de reflexão e da oração da noite, acabo o dia com uma enorme vontade de rever a minha vida e ver o que é ou não essencial, mas também a minha forma de viver com Deus e com os outros.

O dia em paróquia começou com a reflexão em grupos de um pouco da Carta da China e da Palavra. Esta desafiava-nos a discernir o que era ou não essencial e o tempo que dispomos para cada elemento da nossa vida. Tive a sorte de calhar na grande paróquia de S. Salvador de Ramalde que foi escolhida para transmitir em directo a missa de Domingo, portanto a parte do passeio pela localidade foi substituída pelo ensaio dos cânticos e a missa em si.

Acabada a missa, a nossa família de acolhimento preparou-nos um grande almoço em que não faltaram conversas interessantes e risadas. De seguida, fui para o centro da Cidade onde iria decorrer o workshop com o nome «Ensinar e orar através da arte: as igrejas barrocas portuguesas», em que um professor da faculdade de Letras do Porto relacionou a magnificência da Sé e da Igreja de Sta Clara com a oração e com uma maneira de nos relacionarmos com Deus. Encantei-me com a beleza daquelas obras.

À noite, a oração foi passada na Trindade, uma igreja grande mas bastante simples e que se foi enchendo, pouco a pouco. O Evangelho escolhido (Jo 15,9-17) e a mensagem do irmão Alois tocou-me e, juntando à reflexão da manhã, chamou-me a ouvir o que Deus tinha para me dizer, para realmente rever a minha vida e mais uma vez fiz-Lhe as perguntas: «Que queres que eu faça?», «O que posso eu dar?» Como se fosse a primeira vez, entreguei todas estas turbações na cruz.

Também houve outro aspecto na oração que me tocou: o testemunho do jovem haitiano. Ouvir a realidade pela boca de um haitiano claramente em sofrimento, foi para mim um exemplo de fé e de partilha.

Marta Campelo (de Lisboa), 14 de Fevereiro de 2010

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A alma que anda no amor, nem cansa nem se cansa

O dia começa com a oração da manhã na paróquia. Uma oração simples, muito familiar que nos preparou para o que o dia nos traria. Teve de ser breve porque ainda havia muito para fazer antes de seguir para o centro. Para descobrir «sinais de esperança» na paróquia, foi escolhida a Obra de Frei Gil, uma casa que acolhe crianças e lhes dão um lar. O exemplo do Frei Gil que viveu em prol dos outros, principalmente das crianças, comoveu-nos a todos.

Voltámos então para a igreja para reflectirmos a parte da Carta da China destinada para hoje. No meio de muita conversa e partilha, a conclusão a que chegámos foi mesmo que dar bens materiais é muito simples, mas confiarmos aos outros o nosso ser, o nosso tempo é bem mais difícil. Para o fazer, temos de ser simples, abrir o coração, confiarmos em Deus e a Deus. Acabada a reflexão, que se revelou bastante frutífera, almoçamos na igreja e seguimos para a igreja das Taipas, uma das igrejas onde decorreram as orações das 14h15. A mensagem lida na oração tocou-me. Falava sobre a alegria, sobre o modo de sermos alegres e o como usar essa alegria que Deus nos dá para irradia-la. Afinal, Deus é a fonte.

À noite, a oração foi passada mais uma vez na igreja da Trindade. Como seria a última oração comunitária, esta teve um elemento especial. A luz! É sempre um espanto ver a igreja iluminada com inúmeras pequenas luzinhas. Dá-nos força, envia-nos para as nossas vidas quotidianas. A mensagem do irmão Alois teve também este objectivo: enviar e desafiar. Falava da chama como símbolo de paz e amizade, mas também de simplicidade. Esta chama iria iluminar a continuação da nossa própria peregrinação da confiança, sempre com um cântico em mente: «A alma que anda no amor, nem cansa nem se cansa». O desafio lançado aos jovens foi viver o amor de Cristo ressuscitado e partilhá-lo. Também a leitura da oração convida a darmo-nos aos outros, na qual Pedro nos diz: «Não tenho ouro nem prata, mas dou-te o que tenho».

Amanhã voltarei para casa, e sei que vou cheia do Espírito Santo, cheia de vontade de me dar, de discernir o essencial.

Marta Campelo (de Lisboa), 15 de Fevereiro de 2010
Última actualização: 15 de Fevereiro de 2010