Os arredores da cidade ainda dormiam na manhã de terça-feira, 29 de Dezembro, mas a rua Wyzwolenia estava já muito animada com o movimento incessante de autocarros, viaturas de segurança e peregrinos com pesadas mochilas às costas.
Bem antes do nascer do sol, uma vintena de polícias tinham instalado barreiras para canalizar o fluxo de autocarros franceses, italianos e holandeses aqui esperados ao longo de toda a manhã, bem como em outros dez locais da cidade. Antoinette, 18 anos, agasalhada com o colete amarelo dos voluntários, entra no autocarro de Lille, lançando um caloroso «Witajcie!» (Bem-vindos).
Maxime, 21 anos, responsável da delegação do Nord-Pas-de-Calais, com algumas olheiras e a voz cansada depois de «16 horas de autocarro a cantar», resume deste modo a expectativa dos 114 jovens que fizeram com ele a viagem: «Muitos não conhecem Taizé, mas estão impacientes por descobrir esta maneira única de viverem juntos a fé, no encontro e na interiorização.»
Para outros, habituados às «peregrinações de confiança» lançadas pelo irmão Roger em 1978, Poznan é «a ocasião sonhada para fazer uma pausa espiritual durante o fim de ano e antes dos exames semestrais», como confia Eva, 21 anos, estudante de obstetrícia em Lille, que está já no seu quarto Encontro Europeu.
No eléctrico já aquecido pelos cânticos de Taizé que as leva até à sua paróquia de acolhimento, Eva e as amigas da mesma idade, Floriane e Clémence, recordam este ambiente único que elas apreciam há já tantos anos. «Encontrarmo-nos com jovens da Europa inteira para partilhar, mas sobretudo para rezar, é algo que não tem preço», confia Floriane.
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Quanto a Clémence, ela precisa dos encontros para «parar um pouco antes de fazermos escolhas decisivas para a nossa vida profissional e pessoal». Se as motivações não são necessariamente as mesmas, as três raparigas do Norte da França encontram-se num ponto: a alegria de estar na Polónia. «Os jovens polacos sempre fizeram milhares de quilómetros para irem os Encontros ou para irem a Taizé. Virmos até cá é, por isso, o mínimo que podemos fazer», explicam elas.
Contudo, mesmo se já tinham ouvido falar da lendária hospitalidade dos Polacos, elas não estavam com certeza à espera de serem acolhidas logo quando chegaram à estação. A paróquia de Matki Odkupiciela está apenas a alguns passos, mas os jovens voluntários, entre os quais Piotrek, 17 anos, levam as suas pesadas bagagens.
«Acolhê-los é a melhor maneira de festejar o Novo Ano; há tanta gente para encontrar, tantas nacionalidades, tantas culturas!», diz ele à chegada à casa paroquial, que se parece agora com uma torre de Babel, com cada família de acolhimento a tentar já um primeiro contacto com os seus convidados.
Na segunda-feira, na véspera do Encontro, foi no parque de exposições que os jovens polacos estiveram atarefados nos últimos preparativos. Andrzej, 25 anos, um dos pilares da organização, esteve pendurado ao telefone para coordenar as quatro equipas encarregues do acolhimento dos dezanove mil polacos.
«É isso que é mais stressante na véspera do dia J», confirma o irmão Emile, um dos coordenadores do Encontro. Para o alojamento, pelo contrário, não há preocupações». As famílias responderam em massa», continua ele. «Não apenas todos os jovens serão alojados em famílias, como algumas delas não poderão infelizmente acolher ninguém!»
É que a cidade desejou este Encontro: desde 2003 que o arcebispo de Poznan, D. Stanislaw Gadecki, tinha feito um convite especial aos irmãos de Taizé. Por isso, desde o final do Encontro de Bruxelas, no ano passado, quando a escolha de Poznan foi anunciada, os voluntários da primeira hora, como Andrzej meteram mãos à obra. O jovem calcorreou o país para «mobilizar as tropas», explica ele a sorrir.
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Nas paróquias, nas escolas, nas universidades, ele recordou aos jovens «de que não deviam ter medo de assumir o seu lugar na Igreja. Se as paróquias conseguirem ainda mobilizar os jovens, as coisas vão começar a mudar aos poucos». Para este fiel de Taizé desde há quase dez anos, «é precisamente este género de tempos fortes que pode manter e fortificar o laço entre a Igreja e a juventude».
Nos pavilhões, cerca de 1500 voluntários aplicam-se a afixar a sinalização, mas sobretudo a dar mais calor às grandes paredes frias com a ajuda de ícones com cores quentes, preparados desde há vários meses pelos irmãos.
Os pavilhões ficaram prontos, na terça à noite, para acolher a primeira grande oração comunitária. A oração é o tempo forte dos Encontros; três vezes por dia, de acordo com o ritmo das orações na colina borgonhesa.
«É preciso viver um tempo de oração num Encontro Europeu de Taizé para compreender a profundidade e mesmo o poder de um tal acontecimento», afirma Viktor, um dos 1500 Ucranianos vindos ao Encontro – a segunda delegação depois dos Polacos, em igualdade com a França.
Estes milhares de jovens sentados todos no chão, sem outra bandeira a não ser a sua fé, têm à sua frente, ajoelhados ao pé do altar, os irmãos de Taizé vestidos com o seu hábito branco. Os cânticos simples e meditativos são retomados durante muito tempo pela multidão, em longas salmodias.
E, sobretudo, há os tempos de silêncio. O irmão Alois, na sua meditação de terça à noite, pedia a estes milhares de jovens imóveis, para «mudarem o seu coração», para «contribuírem como cristãos para marcar o rosto do mundo que está a nascer».
Anna Latron, em Poznan (Polónia) La Croix 31 12 2009