Muito obrigada pelo convite, por terem insistido na nossa ida ao Porto!
D. Manuel disse ao irmão Alois:
Este convite que a Diocese do Porto fez à Comunidade de Taizé inscreve-se na Missão 2010, que é uma grande tentativa de toda a Diocese do Porto para viver mais profundamente e expor mais claramente Jesus Cristo e a mensagem cristã a todos aqueles que connosco compartilham o dia-a-dia, e a muitos outros que queiram também participar como puderem. E inscreve-se na necessidade de apresentar a alegria cristã na sua fonte. A fonte da alegria cristã é o próprio Jesus Cristo, que está connosco todos os dias até à consumação do mundo, para que o mundo seja preenchido pela novidade, pelo brilho da sua ressurreição. E eu creio que Taizé transporta muito bem esta alegria cristã, na sua fonte, pela contemplação, pela oração, pelo acolhimento, pela partilha evangélica. Este encontro não é só para a diocese do Porto, é para todo o país e até para toda a Península Ibérica. Que sejam efectivamente dias de grande alegria cristã. Uma alegria que só acontece na oração e na caridade.
E o irmão Alois respondeu:
Muito obrigada pelo convite, por terem insistido na nossa ida ao Porto! Estamos muito contentes! Há cada vez mais jovens de Portugal que vêm a Taizé e nós gostaríamos de procurar juntamente com eles. Em Portugal, há muitos jovens que cresceram com a tradição da Igreja e que, simultaneamente, procuram novas formas de expressão da fé, que sejam actuais num mundo que muda muitíssimo depressa. Essa procura é apaixonante. Alegrar-nos-emos com a vossa hospitalidade. E ficaremos muito contentes se muitos jovens de todo o país, de Portugal inteiro, e também de Espanha, forem ao Porto. Pois, hoje em dia, precisamos de experiências de Igreja mais amplas, que nos ajudem a assumir um compromisso local, na igreja local, na paróquia. Temos necessidade de sentir a universalidade da Igreja. E é maravilhoso que o possamos fazer no Porto.
O que é o mais importante do que aprendemos de Jesus?
Num encontro com os mais de trezentos jovens portugueses presentes em Taizé nessa semana, D. Manuel dizia:
Todos nós sabemos que no nosso país as coisas não estão fáceis, sobretudo para os jovens, em termos de futuro, em termos de vida. Com muita gente da Diocese do Porto, fomos pensando o que é que haveríamos de fazer... como cidadãos, como cristãos, o que poderíamos oferecer ao nosso país? Especificamente como cristãos, o que temos nós para oferecer? A nossa experiência cristã! Essa experiência cristã é uma experiência que está nas nossas comunidades cristãs, nas nossas paróquias, movimentos, grupos, mas que não é para ficar só para nós, porque ela enche-nos a vida de sentido, de esperança. Temos que oferecer isso mesmo, isso é a missão.
Missão quer dizer envio. E que envio é este? É aquele que Jesus fez há dois mil anos com aqueles e aquelas que andavam com ele, enviando-os a partilhar aquilo que tinham aprendido.
E o que é o mais importante do que aprendemos de Jesus? Aprendemos, em primeiro lugar, que a morte está vencida; esse é o problema que mais nos engasga desde que começamos a ter consciência. Essa é a nossa grande experiência traumática. Quer dizer que nós não estamos cá para sempre.
Em segundo lugar, sabemos como é que a morte se vence. É como Jesus a venceu: fazendo tudo por caridade! Jesus, na cruz, até dos seus próprios inimigos fez amigos. Assim se vence a morte. E, para que isso aconteça, Ele dá-nos o seu Espírito, aquilo que Ele recebe do Pai e que partilha connosco, essa maneira de viver. Vencer a morte, quer dizer vencer o medo, vencer a angústia. Mesmo que venha a tempestade, Ele está connosco. Isto é o que nós sabemos! Mas sabem muito bem que têm muitos colegas, amigos de escola, de profissão, de rua, que não fazem a mínima ideia disto! E por isso a nossa missão é a nossa obrigação, temos que partilhar aquilo que sabemos e aprendemos de Jesus: que a morte está vencida e como é que ela se vence. Nós guardamos este tesouro nas nossas comunidades. Quando estamos uns com os outros, nós aprendemos estas coisas.
Há pouco um de vocês dizia: «Gosto muito de vir a Taizé porque encontro os outros e encontro o Outro». Pelos outros encontramos o Outro. Temos que partilhar isto!
Em 2010, vamos viver um ano de Missão na Diocese do Porto ao longo dos 12 meses do ano... O que vamos fazer Fevereiro? Quando se pensa em Fevereiro pensa-se no Carnaval. Mas o Carnaval tem um problema: acaba na Quarta-feira de Cinzas! Como há bocadinho se dizia, é uma alegria com ressaca. Vamos lá ver se nós somos capazes de inventar uma alegria sem ressaca. Taizé já foi comparado, por um Papa, com uma fonte, onde as pessoas vêm e se refrescam. Vamos então celebrar no Carnaval de 2010 as fontes da alegria, que é a alegria de conhecer Jesus Cristo. Vamos lá ver se conseguimos, com a ajuda da Comunidade de Taizé, propor esta alegria àquela cidade do Porto e a todos aqueles que lá forem.
Deixem-me insistir neste ponto, há muitíssima gente que não faz ideia nenhuma do que seja esta alegria. Nenhuma! Nós vivemos todos daquela alegria que Maria Madalena e as outras mulheres, e depois João e Pedro, sentiram naquela manhã de Páscoa em que foram ao túmulo de Jesus e Ele não estava lá! A Alegria que os encheu quando souberam que Ele estava com eles de outra maneira. Nós vivemos todos desta Alegria e temos a obrigação de a comunicar aos outros. Esta alegria vive-se com os outros e com o Outro.
A última coisa que vos quero dizer é que lá vos espero a todos!
Com Jesus é possível, e começamos com quem está!
Quando um jovem perguntou a D. Manuel Clemente qual o lugar que a Igreja dá aos jovens, a sua resposta foi:
Creio que esta pergunta só se responde quando toda a gente, e os jovens também, forem a resposta.
Eu explico melhor o que é que eu quero dizer com isto. Deixem-me ir para a década de 60. Eu nasci numa paróquia de província, não havia lá muita juventude. O que é certo é que eu e mais uma grupo de amigos e amigas da altura, através de uma série de actividades que nós próprios criámos e fomos conversando com um padre que lá estava, acabámos por ser a resposta. Eu guardo desses tempos, até aos meus 20 e tal anos, a melhor recordação: quando nós passamos a fazer parte da solução, o problema geralmente resolve-se. Jesus diz no Evangelho: «Quando dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, Eu estarei no meio deles». Há bocado estava a ouvir o irmão David contar como é que começou a aventura de Taizé. Quando o irmão Roger chegou aqui, estava sozinho. Mas estava Cristo vivo com ele, a sugerir-lhe e a incitá-lo a continuar aqui a obra do Evangelho. E com o tempo a coisa aconteceu.
Quando somos dois, três, quatro,... começamos a pensar: «O que vamos fazer?» E as coisas acontecem, eu já tenho visto paróquias, até paróquias muito grandes, a serem completamente mexidas e remexidas, quando há realmente gente disponível, disposta e persistente para, com Jesus Cristo, mudar as coisas. Porque se nós ficamos na expectativa de que apareça A ou de que apareça B ou de que apareça C ou que venha para aqui um Padre novo que tenha mais jeito para os jovens ou que ali haja mais condições, tudo isso é bom e se vier: graças a Deus!
Mas se estamos só nessa expectativa as coisas não dão. As coisas não mudam assim.
Ele está connosco e é a partir da consciência disso que as coisas mudam. Porque senão, se estão dependentes de que essas pessoas apareçam ou não apareçam, dessas condições que se criam ou não se criam, as coisas podem mudar durante uns tempos, enquanto podemos contar com essa pessoa ou com essas condições. Mas quando depois as pessoas mudam, volta tudo ao mesmo. A única coisa que muda, a única coisa que transforma uma realidade no sentido do Evangelho, é esta consciência de que com Jesus é possível, e começamos com quem está!